São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995
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Jovens gays se escondem de colegas

ANTONINA LEMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os adolescentes homossexuais não enfrentam problemas só na hora de se assumir para os pais. Contar para amigos e colegas de colégio também pode ser difícil.
Segundo pesquisa realizada pela Abia (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids), realizada com 602 alunos de escolas públicas brasileiras, 45,8% dos estudantes acham que os homossexuais são corajosos, 37,5% acham que são infelizes e 35,1%, que são doentes.
A estudante S., 17, que estuda em um colégio particular de São Paulo, percebe a confusão dos colegas. Ela conta que não conversa com ninguém.
``As meninas não têm nada a ver comigo. Vou conversar com elas sobre o quê?", diz.
Ela diz que não se importa muito com isso. ``Eu tenho outros amigos." S. conta com a compreensão dos colegas de infância.
``Na minha rua tem umas pessoas que me conhecem desde pequena. Para eles, eu falo sem problemas. Eles não ligam. Gostam de mim, são meus amigos."
Ela também conversa abertamente com sua irmã gêmea (elas dividem o mesmo quarto e estudam na mesma classe). ``Ela fala dos namorados que arruma e eu conto das minhas namoradas. Ela não esquenta."
O estilista Alessandro Tierne também não se abria com colegas de escola.
``Quando era mais novo, ficava quieto, na minha. Só fui me impondo aos poucos. Acho que, dependendo do ambiente, é melhor ficar na sua. Só com o tempo você toma coragem de chegar e falar `sou sim, e daí?'."
Com André Luís, 22, foi diferente. Ele é militante do grupo gay Atobá e diz que nunca teve problemas com os colegas.
``Agitava muito na escola, tinha um monte de amigos. As pessoas podiam até desconfiar, mas me tratavam bem."
Ele conta que também não teve problemas com os pais. ``Uma vez mostrei umas fotos para minha mãe e disse: `Esse aqui é o meu namorado'. Continuamos nos dando bem."
Mesmo assim, ele acha que é importante militar em um grupo gay. ``Quero ajudar a diminuir os preconceitos", diz.
(AL)

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