São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995 |
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Jorge Amado faz uma ponta no filme 'Tieta' Escritor diz que Sonia Braga está no imaginário popular SYLVIA COLOMBO
Sonia Braga, que já viveu Gabriela (duas vezes, uma na TV e outra no cinema) e Dona Flor, disse já ter intimidade com as personagens de Jorge Amado. Ela está preocupada em manter sua imagem de atriz emocionalmente ligada ao Brasil. ``Vivi no exílio cultural por muito tempo, quero reafirmar a minha vontade de fazer cinema no Brasil, em português. Gosto desta tentativa de tentar materializar a nossa literatura." Segundo Amado, ela já se impôs como sua criação no imaginário popular. ``A minha Gabriela, para todo mundo, tem a cara da Sonia." A Santana do Agreste de Cacá Diegues é uma recriação mais colorida e lúdica do que a versão global. As fachadas das casas foram pintadas de cores fortes, com frisos contrastantes. O figurino, criado por Ocimar Versolato, é um mais ousado e alegre. ``Adorei os grandes botões coloridos", disse Sonia Braga. Zezé Motta, que vive a personagem Carmosina, disse que Santana do Agreste está se materializando, ``graças à equipe e à população local". Este é o segundo texto de Amado que a atriz interpreta (participou também de ``Jubiabá"). Amado não interferiu na escolha de atores e nem na adaptação do roteiro. ``Cacá Diegues não me disse o que tinha que fazer quando escrevi o meu livro", disse. O escritor fará uma ponta no início do filme. Em uma das primeiras tomadas, ele vai aparecer sentado num banco da praça, com o livro ``Tieta do Agreste" nas mãos, e lerá uma frase. ``Foi idéia do próprio Cacá." É a segunda vez que Amado participa de um filme. Em 1938 ele fez uma ponta em um documentário sobre Itapoã. A população do distrito de Picado está bastante envolvida com a produção. Muitas crianças e adolescentes fazem papel de figurantes. Homens adultos trocaram a lavoura da região para fazer parte das equipes de segurança e as moças brigam por um lugar no filme. A produção paga de R$ 4 a R$ 7 por dia para figurantes da região. O salário médio de um trabalhador na roça é R$ 5 por semana. ``Pus minhas duas crianças para ajudar lá, elas brigavam bastante entre si", diz Maria das Virgens Ferreira, que não lembra a sua idade, habitante de Picadinho, ``subúrbio" do vilarejo. A escola local mudou-se, com as despesas pagas pela produção, para a cidade vizinha, Berimbau. Um ônibus leva diariamente as crianças para as aulas. ``Mas ninguém quer saber de ir, nem as professoras, todo mundo quer ficar no filme", disse Maria das Virgens. As gravações, que começaram na última quarta-feira, duram nove semanas. Além de Picado, serão feitas cenas em Conde e em Mangue Seco (BA). Com três dias de filmagens, várias cenas já haviam sido feitas. Entre elas a famosa chegada de Tieta a Santana do Agreste, depois da morte de seu marido. Enquanto na versão global Betty Faria descia toda de vermelho de um modernérrimo Escort XR3 vermelho, fazendo um estilo brega, Sonia Braga, um pouco mais suave e com roupas coloridas, desembarca de um Mazda, também vermelho. Texto Anterior: Desejo de construir deve permanecer Próximo Texto: Konder é convocado para depor na Câmara Índice |
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