São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995
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Catalão Jordi Savall se apresenta em SP

IRINEU FRANCO PERPÉTUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Concerto: Hespèrion 20
Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, tel. 265-0223)
Quando: de hoje a quarta, às 21h
Quanto: de R$ 5,00 a R$ 60,00
Concerto: Jean Louis Steuerman e Orquestra de Câmara Villa-Lobos
Onde: teatro Arthur Rubinstein - A Hebraica (r. Hungria, 1.000, tel. 818-8888)
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Quanto: de R$ 12,00 a R$ 25,00

O maestro e gambista (músico que toca viola de gamba, instrumento antepassado do violoncelo) catalão Jordi Savall e o pianista brasileiro Jean Louis Steuerman são as atrações eruditas de hoje em São Paulo.
Savall se apresenta com o grupo Hespèrion 20, às 21h, no teatro Cultura Artística. No mesmo horário, na Hebraica, Steuerman toca com a Orquestra de Câmara Villa-Lobos.
O maestro espanhol se tornou mundialmente conhecido por sua participação na trilha sonora do filme ``Todas as Manhãs do Mundo", de Alain Corneau, que ganhou o prêmio César, o Oscar do cinema francês.
Com Gérard Depardieu -ao qual ele, durante as filmagens, deu aulas de viola de gamba-, a película fala de Martin Marais e Sainte-Colombe, compositores franceses do século 17 que Savall estuda desde 1966. O sucesso o levou a uma nova experiência cinematográfica: ``Jeanne la Pucelle", épico de Jacques Rivette sobre Joana d'Arc, inédito no Brasil.
Savall habitualmente trabalha com La Capella Reial de Catalunia, conjunto de vozes formado por seis a 30 cantores, Les Concert des Nations, orquestra de instrumentos de época, e Hespèrion 20, o grupo camerístico de instrumentos antigos que traz como destaque sua mulher, a soprano Montserrat Figueiras.
Na noite de hoje, ele apresenta, na primeira parte, a música da Espanha na época do descobrimento da América, em 1492, e, na segunda, a com a música que se fazia 50 anos mais trade, já influenciada por esse encontro.
``A questão é que não sabemos exatamente como a música do novo mundo influenciou a do velho", diz. ``50 anos depois do encontro, começaram a aparecer formas novas como a chacona, a folia, a sarabanda -maneiras muito loucas e fortes de dançar. Fala-se de um país da chacona, que eu creio que seja a Argentina."
Já o programa da Hebraica mistura barroco e moderno. Steuerman toca o ``Concerto em Fá Menor", de Bach, e o ``Concerto opus 35", de Chostakovitch.
Bach é escolha natural para o pianista, que gravou seus concertos para o selo Philips com a Orquestra de Câmara da Europa.
Já Chostakovitch está relacionado ao humor que acometeu o intérprete após o cancelamento, por problemas com passagens aéreas, da vinda ao Brasil da Filarmônica Jovem de Israel, que estava prevista para acompanhar Steuerman na noite de hoje.
``Fiquei `dark' com a história e quis tocar este concerto cheio de humor negro e piadas pesadas", explica. ``Além disso, creio que o público da Hebraica, jovem e sofisticado, vai se divertir com o sarcasmo amargo do concerto."
O acompanhamento acabou ficando para a Orquestra de Câmara Villa-Lobos, que acaba de gravar para o selo Erato, da Warner, um CD com obras dos compositores brasileiros Villa-Lobos, Claudio Santoro e Alberto Nepomuceno.

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