São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995 |
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Mutantes têm disco inédito gravado em 70
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
O disco, que seria lançado no mercado europeu, era composto de músicas então inéditas e de versões de seus sucessos para o inglês, feitas por Arnaldo Baptista e Rita Lee (integrantes do grupo com Sérgio Dias). A descoberta é do jornalista e colaborador da Folha Carlos Calado, que prepara para outubro biografia dos Mutantes. Os tapes estavam, desde a gravação, em poder do artista plástico Antônio Peticov, amigo e empresário dos Mutantes em seu início, em 1966. A PolyGram, que detém os direitos das gravações da banda, não demonstrou interesse em lançar o disco. O advogado e compositor Costa Netto, que dirige o selo Dabliú e tinha já o projeto de relançar os trabalhos solo de Arnaldo Baptista, interessou-se e está tentando obter autorização da PolyGram para lançar as gravações. O ex-mutante Sérgio Dias conta a história: ``Gravamos com um produtor inglês, quando ficamos dois meses em Paris, tocando no Olympia. Na época, fomos até convidados para ficar de vez na Europa". Dias afirma que espera que o disco seja finalmente lançado, apesar de não o considerar importante: ``É muita história isso, não sei o que pode ajudar na construção da MPB. É só memorabilia". Os fãs do grupo que modernizou o rock no Brasil não devem concordar. O disco traz nove gravações inéditas (além de ``Tecnicolor", ``El Justiciero" e ``Baby", que foram aproveitadas em 1971 no disco ``Jardim Elétrico"). Entre as versões, estão ``Panis et Circensis', ``Bat Macumba", ``Maria Fulô", ``A Minha Menina", ``Le Premier Bonheur du Jour", ``Ando Meio Desligado", ``Desculpe Babe" e ``Virgínia". Costa Netto, da Dabliú, diz que, se conseguir o licenciamento, pretende lançar o material em outubro, com um CD duplo reunindo os três discos de Arnaldo Baptista e com o novo disco da cantora Ná Ozzetti, dedicado exclusivamente a reinterpretações de músicas dos Mutantes e de Rita Lee. Juntos a partir de 1966, Arnaldo, Rita e Sérgio formaram os Mutantes em 1967. Nesse ano, apresentaram-se com Gilberto Gil no festival de MPB da Record, com ``Domingo no Parque". Integraram-se ao movimento tropicalista, que, comandado por Gil e Caetano Veloso, projetava injetar modernidade na MPB. Participaram do disco-manifesto do movimento, ``Tropicália ou Panis et Circensis" (68), e dos discos tropicalistas de Caetano e Gil. Lançaram cinco discos entre 1968 e 1972, quando Rita Lee deixou o grupo. Arnaldo saiu um ano depois. O grupo continuou, em diversas formações, até 1979. Texto Anterior: Coluna Joyce Pascowitch Próximo Texto: Rádios afirmam que gravadoras tentavam interferir na programação Índice |
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