São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995 |
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'Quero esquecer o passado', diz sobrevivente
MÁRIO MAGALHÃES
Ela tinha 19 anos em 6 de agosto de 1945. Por acaso, naquele dia não foi à escola, onde quase todos os colegas morreram. Cerca de 2.000 sobreviventes participaram ontem da solenidade dos 50 anos da bomba atômica. No Japão, eles são conhecidos como ``hibakushas", palavra que designa os moradores de Hiroshima que conseguiram sobreviver. Yoshie Tanaka concedeu a seguinte entrevista à Folha, no Parque da Paz de Hiroshima, diante do monumento onde milhares de pessoas depositaram flores: Folha - Quais são as suas lembranças do dia em que a bomba atômica foi jogada? Yoshie Tanaka - Não posso falar em palavras o que senti. Eu não era mais uma menina de seis, sete anos. Tinha 19, era sensível. A bomba trouxe miséria e desastre. Não quero lembrar disso, não quero dividir essa experiência. Folha - A sra. convive com muitos sobreviventes? Tanaka - Meu marido também é sobrevivente. Meus dois filhos, hoje professores, não gostam que lhe falemos muito sobre o assunto. Sofreu efeitos da radiação? Tanaka - Sim, por muitos anos. Mas não quero falar nisso. Folha - Não é importante os sobreviventes contarem suas histórias para as novas gerações? Tanaka - Só quem passou por aquilo sabe como dói. Folha - A sra. se feriu quando a bomba caiu? Tanaka - Não. Eu me salvei porque naquele dia, por acaso, não fui à escola, onde muitos colegas foram e morreram. Folha - A cerimônia dos 50 anos da bomba atômica tem algum significado especial? Tanaka - Cinquenta anos não significam nada de especial, porque todos os anos eu venho à cerimônia para rever os amigos. (MM) Texto Anterior: Americano quer desculpas Próximo Texto: Croatas dizem que a Krajina não existe mais e pedem rendição sérvia Índice |
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