São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995
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Exército verde

VALDO CRUZ

BRASÍLIA - Os ministérios do Exército e do Meio Ambiente estão para assinar um convênio que vai transformar o soldado na Amazônia em um ``fiscal" da ecologia. É uma boa notícia para a região.
Só para se ter uma idéia, o Ministério do Meio Ambiente tem hoje apenas 443 fiscais para vigiar os 5,5 milhões de km2 da Amazônia Legal. Um fiscal para cuidar de uma área igual a oito cidades do tamanho de São Paulo.
O Exército, do seu lado, tem na região cerca de 28 mil homens. Sem dúvida, um reforço significativo na luta contra aqueles que estão devastando florestas e poluindo rios.
``É o Exército na plenitude do seu verde", comemora o ministro Gustavo Krause. Ele diz que os militares serão ``olheiros" do seu ministério, avisando os fiscais sempre que descobrirem alguma depredação ao meio ambiente.
O ministro verde afirma que o convênio só foi possível graças à sensibilidade do seu colega Zenildo de Lucena. Isso mostra que uma velha polêmica entre os militares começa a cair por terra.
Até pouco tempo atrás, os militares não admitiam atuar em áreas que não aquelas previstas na Constituição: defesa da pátria, garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem.
Em um país não-beligerante e sem conflitos armados na sua fronteira, os militares brasileiros podem e devem atuar em outras áreas, auxiliando o governo em ações de interesse social.
Não de forma episódica e tímida, como a distribuição de alimentos no Nordeste, mas numa ação contínua e planejada. O soldado a serviço do meio ambiente parece um bom passo.
Ainda mais em um momento em que se discute a questão dos desaparecidos políticos dos anos 60 e 70, quando o regime militar usou de preceitos ``legais" para aniquilar o seus ``adversários".

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