São Paulo, terça-feira, 8 de agosto de 1995
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Sem trégua

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Segundo a Globo, era uma reunião para ``negociar o fim da guerra fiscal". Acontece que a guerra fiscal interessa a muita gente, a muito Estado, a quase todos, fora São Paulo.
Por exemplo, ``os Estados do Nordeste querem liberdade para rebaixar a alíquota do ICMS". O governador do Piauí, ainda na Globo:
- Não podemos abrir mão das prerrogativas com que o Nordeste dá subsídio à fixação de suas indústrias.
Ele falou pelo Nordeste, mas também pelo Rio, que ganhou a última fábrica da Volkswagen, e por Minas, que vai ganhar a próxima, segundo a Record.
Mas o encontro não foi só para negociar o fim da guerra. Os governadores temiam perder arrecadação para o presidente, como declarou o governador do Paraná, na Manchete:
- A gente parte do seguinte princípio: se a proposta não vai tirar recursos dos municípios e se o governo está interessado, ela provavelmente pode tirar recursos dos Estados.
Acabou a reunião e, segundo a Globo, ``os governadores apoiaram a reforma, mas não admitem perder dinheiro" -o que muda pouco, quase nada, a situação anterior.
Segundo o TJ, ``o governo amenizou a reforma e agradou aos governadores". No caso, amenizar significou adiar as mudanças até o fim do mandato dos governadores.
Agradou ao governador do Rio de Janeiro:
- Saímos absolutamente tranquilos... Os Estados vão continuar a contar com a base de sustentação do ICMS.
Agradou ao governador de São Paulo, mas ele se deixa agradar por promessa.
Um ministro prometeu na Globo, em nome do presidente, ``tributação neutra", e lá foi o governador, nas redes:
- Foram fixados princípios. Qual é o primeiro princípio? É que a reforma tem neutralidade. O que significa isso? Que não objetiva tirar de ninguém.
Mas, e a guerra fiscal?
Segundo a Bandeirantes, ``o Senado terá competência para definir, para impor limites às alíquotas do ICMS e acabar com a guerra fiscal".
A guerra vai para o Senado, onde São Paulo tem três votos. Mas, como disse o governador Mário Covas, na Globo:
- As mudanças profundas ocorrem a partir de 98... Eu acho perfeitamente plausível.

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