São Paulo, terça-feira, 8 de agosto de 1995 |
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Prêmio tenta abafar crise na polícia
SERGIO TORRES
A medida visa abafar a revolta dos policiais civis com o secretário estadual da Segurança Pública, general da reserva Nilton Cerqueira, deflagrada na semana passada. As falas de Cerqueira e do chefe de Polícia Civil, delegado Hélio Luz, de que parte dos policiais está envolvida em corrupção e crimes, revoltaram a instituição. Para os policiais civis, Cerqueira e Luz erraram ao generalizar suas afirmações. ``Tem muita gente honesta na Polícia Civil. Só uma minoria é corrupta, como, aliás, ocorre em qualquer profissão", disse o inspetor Carlos Eustáquio Pacheco, presidente da Coligação dos Policiais Civis -uma das entidades que representa a categoria. Na semana passada, Cerqueira, Luz e o governador do Rio, Marcello Alencar, foram ameaçados e xingados em mensagens clandestinas transmitidas pelo sistema de rádio da Polícia Civil. Os policiais realizaram manifestações e assembléias e emitiram notas de repúdio ao comando da Secretaria da Segurança. Nos protestos, os policiais também reclamaram do não-pagamento, neste mês, de um aumento de 53,6% nos salários, que havia sido definido em julho. Preocupado com as consequências das declarações que fez, Cerqueira decidiu amenizar o tom de suas falas e atender antigas reivindicações dos policiais civis. Na última sexta, por exemplo, durante uma palestra para 90 filiados ao Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros, o secretário defendeu mais salário, moradia e assistência médica para policiais. Na palestra, Cerqueira também afirmou que, ``sem o estímulo de um salário condizente, o caminho para as vacilações de comportamento é encurtado", referindo-se aos baixos salários. Um detetive da Polícia Civil em início de carreira ganha, por exemplo, R$ 300 -o equivalente a três salários mínimos. Reaproximação Uma das medidas adotadas por Cerqueira para se reaproximar dos policiais civis é estender a eles o sistema de premiação e promoção que vigora na Polícia Militar. Desde janeiro, 102 policiais militares do Rio foram promovidos e premiados por atos de bravura. Além de semanal cerimônia pública de premiação, com a presença de Cerqueira, os agraciados passam uma semana de graça, junto com a família, em Campos do Jordão (175 km a nordeste de São Paulo) ou Cabo Frio (cidade a 140 km do Rio, na região dos lagos). Para estender a premiação aos policiais civis, a Secretaria da Segurança tem o apoio da Associação de Hotéis do Sul Fluminense. A entidade pôs à disposição da secretaria hotéis nas cidades de Valença, Paulo de Frontin, Vassouras e Mendes. Incumbido por Cerqueira de melhorar as relações da cúpula com os policiais civis, o delegado Hélio Luz estuda o regulamento da instituição, que não prevê premiações como as da Polícia Militar. Luz rechaça a acusação de que Cerqueira protege a Polícia Militar e persegue a Polícia Civil. ``O general é muito mais rigoroso com o PM", disse Luz. Esse rigor estaria demonstrado nos processos de expulsão de policiais ligados ao crime. O PM preso em flagrante é demitido 30 dias depois, ao fim do Inquérito Policial Militar. A expulsão do policial civil demora até mais de um ano. Texto Anterior: Designer de sapatos inicia visita ao Brasil; O NÚMERO; Chuvas deixam 150 desabrigados no RS; Loteria deve pagar prêmio de R$ 8,5 mi; SUPERSENA Próximo Texto: Estados do Sudeste discutem segurança Índice |
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