São Paulo, terça-feira, 8 de agosto de 1995
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Psicólogo analisa filmes brasileiros dos anos 80

DA REPORTAGEM LOCAL

Herdeiros de uma história descontínua -a do cinema brasileiro, inaugurada com a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em 1950-, os cineastas nacionais dos anos 80 tentaram, mas não conseguiram, superar o seu passado.
Ao enfatizar a técnica -como se o problema fosse o fato de que ``o cinema brasileiro é malfeito"-, esses cineastas promoveram, paradoxalmente, o encerramento ou morte de um ciclo do cinema moderno brasileiro.
Nesse ``jovem cinema paulista" ou ``cinema paulista dos anos 80", ``a técnica era o principal instrumento de produção e reflexão, ocupando o espaço do conteúdo, mas o bom cinema brasileiro trancendia o fato de ser ou não bem-feito", diz o psicólogo Tales Ab'Sáber, 30, em sua tese.
Segundo ele, o cineasta teórico foi uma construção do cinema moderno dos anos 50 a 80. O que os cineastas dos anos 80 fizeram foi recusar ``qualquer teorização" -como, por exemplo, ``pensar os seus meios, sua cultura e propor novos imbricamentos".
Mas, apesar dessa crítica à base ideológica sobre a qual o cinema foi produzido na década de 80 -principalmente na segunda metade-, o autor afirma que ``a análise dos filmes é engrandecedora".
Em seu trabalho com oito obras, Ab'Sáber buscou ``mostrar um inconsciente dos filmes, que a técnica não conseguiu controlar".
Segundo ele, no período analisado, ``o maior ideólogo do cinema técnico é o Chico Botelho (autor de `Cidade Oculta', de 1986) e o filme mais complexo, que dá mais perspectivas para uma leitura da cultura, é `Anjos da Noite' (87), de Wilson Barros".
Ainda segundo Ab'Sáber, o filme que ``mais realizou positivamente o projeto (de um cinema brasileiro técnico) foi `A Marvada Carne' (85), de André Klotzel".
A tese analisa também ``Noites Paraguaias" (82), de Aluízio Raulino, ``A Dama do Cine Xangai" (88), de Guilherme de Almeida Prado, ``A Hora da Estrela" (86), de Suzana Amaral, ``Vera" (87), de Sérgio Toledo, e ``Feliz Ano Velho" (88), de Roberto Gervitz.

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