São Paulo, terça-feira, 8 de agosto de 1995
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Palmeiras perdeu título antes das finais

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, a alma inquieta do brasileiro quer sempre um culpado. E essa alma insidiosamente insinua, pelas esquinas e pelos botecos, que o técnico Carlos Alberto Silva errou.
Errou ao colocar o time principal do Palmeiras na missão impossível do segundo jogo contra o Grêmio, em São Paulo, pela Libertadores da América.
Segundo esse raciocínio, se o time do Palmeiras não tivesse se desgastado tanto naquela noite de quarta-feira, teria fôlego para ganhar do Corinthians na prorrogação do jogo final do Paulista-95.
Mas, e se o Palmeiras tivesse optado pelo time reserva no jogo contra o Grêmio, no Parque Antarctica, e não tivesse conseguido vencer o Corinthians, na final do Paulista, o que aconteceria?
Nem a lembrança de um dos jogos mais emocionantes da história do futebol, nem a lembrança de heróicos jogadores da camisas verdes, espécies de Quixotes da bola tentando provar que sonhar mais um sonho não é impossível, os palmeirenses teriam no tesouro da memória -que é um dos encantos do futebol.
Mas não adianta dar explicações simplistas e redutoras para fatos que exigem análises mais amplas e complexas.
O Palmeiras montou um time respeitável, mas só quando o campeonato estava perto do seu crepúsculo dourado. O próprio técnico Carlos Alberto Silva só iniciou seu trabalho há dois meses.
Ao contrário, o Corinthians tem a espinha dorsal do time montada há muito tempo, apesar da troca de treinadores. Teve a sorte também de achar um técnico, Eduardo Amorim, que deu vazão à impulsividade juvenil e agressiva que é a inclinação natural do atual elenco.
A regularidade do trabalho do lado corintiano pôde ser vista, por exemplo, na maneira como se impôs ao Grêmio, em pleno Olímpico, na Copa do Brasil.
Depois, durante o período que definiu os finalistas do Paulista, quando passou pela Portuguesa e pelo Santos. Trata-se, portanto, de um time que vem sendo lapidado e estruturado em tempo maior, não imediatista, mais próximo das necessidades do futebol moderno.
Apesar de experientes, jogadores como Muller, Nílson e Edílson chegaram ao time em cima da hora. Entraram em jogo sem uma fase anterior e necessária de articulação e organização da equipe.
Além disso, quem poderia imaginar que Roberto Carlos, o melhor jogador brasileiro no momento, pudesse se apresentar de maneira tão ineficiente em dois jogos seguidos? RC fez falta. Se fez.
Zé Elias, em jornada impecável, neutralizou Edílson -que teve liberdade para atacar com a bola no primeiro jogo.
Enquanto o Corinthians aperfeiçoava a mesma marcação da primeira partida (Bernardo continuava em cima de Rivaldo), o Palmeiras fez uma inversão: Mancuso deixou de marcar Viola, para acompanhar Marcelinho de perto.
Tão de pertinho que fez aquela falta na entrada da área. E aí...

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