São Paulo, terça-feira, 8 de agosto de 1995
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Importância

FÁBIO SORMANI

Às vezes, costumo ouvir questões do tipo: ``Por que a imprensa dá mais espaço para a NBA do que para o basquete nacional?"
No último fim-de-semana, novamente fui questionado sobre o assunto. Para me fazer entender, respondi o seguinte: pelo mesmo motivo porque toda a imprensa esteve em Ribeirão Preto, cobrindo a final do Campeonato Paulista, entre Palmeiras e Corinthians, e não no ginásio do Ibirapuera, fazendo o jogo de vôlei feminino entre Brasil e Japão, ambos marcados no mesmo horário.
Qual o evento mais importante? A final do Campeonato Paulista ou o amistoso entre Brasil e Japão? O que o público mais gosta de acompanhar, o capenga basquete brasileiro ou a empolgante NBA?
Aí você pode questionar: ``Mas, se a imprensa não prestigiar o basquete brasileiro, vai ser impossível ele crescer".
O papel da imprensa, a meu ver, não é promocional, mas sim informativo. À medida que os fatos ganham importância, eles naturalmente conquistam seu espaço na mídia.
Por que o vôlei conquistou seu espaço na mídia? Será por que os meios de comunicação resolveram prestigiá-lo, de uma hora para outra? Negativo: foi porque o vôlei se profissionalizou, cresceu, conquistou o coração dos torcedores e, consequentemente, seu espaço na mídia.
O basquete brasileiro tem tudo para abrir alas. Mas há dois problemas básicos, a meu ver:
1) Falta à atual geração masculina jogadores com qualidades indiscutíveis, tipo Oscar, Marcel, Paula e Hortência...
2) Falta ao feminino a capacidade administrativa de nossos dirigentes. Ao que me consta, Paula e Hortência são brasileiras...
Existe no basquete brasileiro masculino um buraco entre a geração de Oscar e Marcel para a que está para subir.
A atual, infelizmente, parece não ter amadurecido. Prova disto é que fomos 11º lugar no último Mundial do Canadá e estamos recorrendo ao talento de Oscar, 37 - que já tinha anunciado sua aposentadoria na seleção-, para conquistar uma vaga para os Jogos Olímpicos de Atlanta.
Existe no basquete brasileiro feminino um amadorismo hereditário. Um exemplo claro é que o último Campeonato Paulista foi realizado com apenas cinco equipes. Isso mesmo, cinco equipes!
Solucionados esses problemas, voltaremos a crescer. É assim que vejo a situação. Aceito sugestões.

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