São Paulo, quarta-feira, 9 de agosto de 1995
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Projeto Axé pede ajuda para auxiliar menor de rua

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Depois de dois meses consecutivos funcionando com déficit, o Projeto Axé, de Salvador (BA) -considerado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso como uma tentativa bem-sucedida de tirar os menores da rua-, pretende lançar uma campanha nacional para arrecadar recursos.
Vale qualquer quantia depositada na conta corrente da entidade (Banco do Brasil, agência 0346-8, conta 8587-1, em Salvador).
Em junho e julho, o Projeto Axé registrou um prejuízo de R$ 256 mil, segundo informações do presidente da entidade, Cesare Florio de La Rocca.
Ontem à tarde, o cantor e compositor Caetano Veloso, 53, compareceu à sede da entidade para pedir verbas ao projeto, fundado há cinco anos. ``Todos nós devemos nos unir para salvar este projeto, que serve de referência nacional para uma sociedade mais justa", disse Caetano Veloso.
Atualmente, o Projeto Axé atende 3.087 crianças de rua. Um levantamento realizado pela entidade em junho de 93 revelou que em Salvador existiam cerca de 15 mil menores de rua. Desse total, 645 dormiam na própria rua.
Nos cinco anos de existência, passaram pelo Projeto Axé cerca de 7.200 meninos e meninas de rua. A manutenção de cada criança custa ao projeto R$ 90 por mês, incluindo todas as despesas.
As crianças recebem alimentação três vezes ao dia, roupas, têm banheiros e chuveiros, salas para alfabetização, biblioteca e oficinas para reciclagem de papel.
Depois de alfabetizadas, as crianças frequentam escolas públicas e normalmente retornam para as refeições e trabalho nas oficinas. Segundo Cesare Florio, mais de 2.000 crianças recuperadas pelo projeto retornaram para suas casas e hoje levam uma vida normal.
Cesare de La Rocca disse também que a despesa total do Projeto Axé por mês é de R$ 228 mil, incluindo os benefícios diretos para as crianças (vale transporte, refeições e bolsa semanal para estudo).
As crianças que frequentam o Projeto Axé têm à disposição 17 diferentes tipos de atividades, entre dança, capoeira, teatro, artes circenses e balé.
Desde que foi fundado, o Axé teve três financiadores permanentes -Unicef, União Européia e a Organização Internacional do Trabalho. Este ano, o Axé também começou a receber verba mensal do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
O governo estadual e a Prefeitura de Salvador também liberaram uma verba conjunta de R$ 570 mil para todo este ano. Até maio passado, a folha de pagamento e os encargos sociais eram sustentados por um pool de empresas baianas. ``Com as dificuldades financeiras que o país atravessa, as empresas deixaram de colaborar", disse Cesare de La Rocca.

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