São Paulo, quarta-feira, 9 de agosto de 1995 |
Próximo Texto |
Índice
Dekassegui enfrenta hoje o Brasil
MÁRIO MAGALHÃES
O jogador Ruy Ramos, nascido em Mendes (RJ) e naturalizado japonês há seis anos, é o camisa 10 do time asiático. A partida, amistosa, tem finalidades diferentes para as equipes. O objetivo do Japão é, enfrentando a seleção campeã mundial, reforçar a imagem de candidato a sede da Copa do Mundo de 2002. Para a Confederação Brasileira de Futebol, a vantagem é financeira. A entidade vai receber US$ 1 milhão, líquido, de cachê. O jogo tem outro recorde: entre os 11 titulares do Brasil, 7 jogam em clubes japoneses (Gilmar, Jorginho, Ronaldão, César Sampaio, Dunga, Zinho e Leonardo). Na próxima semana, Ronaldão vai se transferir para o Flamengo. O Brasil defende invencibilidade de um ano e oito meses -desde novembro de 93 não é derrotado no tempo normal de um jogo. Desde que voltou a dirigir a seleção, depois do Mundial-94, o técnico Mario Jorge Zagallo não perdeu nenhum dos 15 jogos. Magro (65 kg para 1,81 m de altura), o meia Ruy Ramos é apontado pelos japoneses como o maior obstáculo para o Brasil manter a invencibilidade. Com barba e cabelos longos desgrenhados, ele parece jogador argentino. Nunca foi atleta profissional no Brasil -jogou nas equipes de jovens de Palmeiras, Santos e Saad (extinto time de São Caetano, em São Paulo). Ramos se mudou aos 20 anos para o Japão em troca de US$ 1.000 mensais em um clube amador. Hoje, dezenas de milhares de brasileiros vão para o Japão em busca de trabalho. São chamados de dekasseguis pelos japoneses. ``Eu tinha o sonho de qualquer garoto: vestir a camisa canarinho do Brasil", disse ontem Ramos, um dekassegui do futebol. ``Mas agora vou jogar contra, o que também parece um sonho. O Brasil não é a minha ex-pátria, mas vamos dizer assim", afirmou. Ramos acredita que os japoneses vão ``surpreender". Em junho, no Torneio da Inglaterra, o Brasil venceu por 3 a 0. Ramos, contundido, não jogou. ``Naquele jogo, os japoneses ficaram de boca aberta por estarem enfrentando os campeões do mundo. Agora, não há novidade." Além dos sete brasileiros radicados no Japão e do japonês naturalizado Ramos, a internacionalização do futebol profissional tem outro exemplo no jogo de hoje. O principal atacante da seleção japonesa é Kazu, ex-jogador do Santos. Ramos e Kazu jogam no clube japonês Verdy Kawasaki. O preparador físico é o brasileiro Luís Flávio. O treinador de goleiro, Zé Mário, também. Próximo Texto: Aos 38, Ruy Ramos é o destaque japonês Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |