São Paulo, quarta-feira, 9 de agosto de 1995
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Só podia dar a lógica no Paulista-95

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

``Se há um favorito para a conquista do Campeonato Paulista que está começando, vou nomeá-lo aqui e agora, a exemplo do que fiz na temporada passada, quando joguei todas as fichas no Palmeiras. Desta vez, não é o Palmeiras, embora pudesse sê-lo. Também não é o São Paulo, que se entupiu de títulos no começo da década e agora anda derrapando.
Resta, pois, o Corinthians. E é esse mesmo, o Corinthians de Mário Sérgio. Mas não só por causa de Mário Sérgio. Também pelo elenco de que dispõe, diante das novas regras estabelecidas para a disputa do torneio (...). É o elenco que oferece ao treinador um maior número de opções. Começando por um grande goleiro, Ronaldo, passando por uma parelha de beques respeitável (Célio Silva e Henrique), mais um meio-campo devidamente balanceado, com Bernardo pela direita, Zé Elias pela esquerda, Sousa e Marcelinho na armação; lá na frente, dois azougues -Viola e Marques (...)
E o Palmeiras, afinal bicampeão paulista, bicampeão brasileiro, o clube mais bem estruturado e rico do país na atualidade, como fica?
Bem, o Palmeiras enfrenta exatamente o sortilégio de ser bi. Tri, quase ninguém é. Na verdade, há séculos que se fala nos fatídicos três anos seguidos. Assim como no processo de deterioração da própria equipe (...).
Além do mais, o Palmeiras desfalcou-se de jogadores vitais: César Sampaio e Zinho, no meio-campo, e Evair, no comando do ataque.
(...) Logo, o Palmeiras sai em desvantagem.
O que não quer dizer que não possa recuperar-se ao longo do certame. Afinal, ao contrário da temporada passada, o torneio não será disputado pela fórmula dos pontos corridos. Assim, se conseguir as consequentes classificações, o Palmeiras bem que pode chegar ajustado às finais e impor sua superioridade. Pode ser, mas duvido."
Esses são excertos da crônica que escrevi nesta Folha no dia 25 de janeiro; portanto, há sete meses do desfecho do campeonato, vencido três dias atrás pelo Corinthians em uma final renhida com o vice Palmeiras, em dois jogos.
Não, não, afaste de mim esse cálice! Não se trata de premonição, tampouco de profecia. Tanto, que, dez minutos antes de começar a decisão do último domingo, eu mergulhava na mais profunda indecisão quanto ao resultado final.
Na verdade, foi apenas uma leitura linear da lógica do torneio, nítida a qualquer olhar despido de paixão. Assim como não é menos verdade que atribuí a Mário Sérgio boa parte do êxito corintiano preconizado. E, com Mário, o time foi mal. Ressurgiu nas mãos de Eduardo, embora coubesse a Mário Sérgio armar o sistema de defesa como um todo. Geralmente, esse é um período de mais desacerto de um time de futebol, como já ensinava o gordo e sábio Feola: ``Um time começa a ser arrumado na cozinha. Até chegar na sala de visitas, é a maior bagunça". Eduardo montou uma bela sala de visitas, onde hoje cintila a taça.

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