São Paulo, quarta-feira, 9 de agosto de 1995
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MIS expõe inventos de Leonardo da Vinci

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Exposição: Leonardo da Vinci - A Aventura do Gênio Universal
Onde: Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, tel. 011/852-9197, Jardins, zona sul de São Paulo)
Quando: de hoje a 27 de agosto
Visitação: de 3ª a dom, das 14h às 22h

Obstinado rigor. Arte é coisa mental. Sou um discípulo da experiência. Essas e outras frases célebres de Leonardo da Vinci (1452- 1519) encontram expressão concreta na mostra ``A Aventura do Gênio Universal", que o Museu da Imagem e do Som abre hoje.
São 20 réplicas de projetos científicos de Da Vinci, executadas pelo engenheiro Roberto Guatelli. A mostra traz também oito painéis com imagens e textos, um vídeo ``Eu, Leonardo", produzido pela empresa IBM (patrocinadora), e um CD-ROM sobre a chamada obra técnica de Da Vinci.
Entre os inventos de que Guatelli fez maquetes estão o helicóptero, o escafandro, o pára-quedas, a assadeira, o higrômetro e o hodômetro -que se tornaram realidade cotidiana cinco séculos depois- e alguns menos conhecidos, como o inclinômetro e o transmissor de velocidade variável.
As maquetes são de madeira e reproduzem fielmente as coordenadas matemáticas deixadas pelo gênio renascentista.
Ressaltar a curiosidade insaciável de Da Vinci por todas as coisas a seu redor é lugar-comum. Ele se interessava sobretudo por mecânica (o estudo dos movimentos físicos) e a partir dela criava instrumentos que se valessem das propriedades naturais.
O turbilhão, por exemplo, com sua capacidade de gerar energia, era um assunto caro, como os relógios, os barcos, os canhões, as máquinas têxteis e as voadoras.
Mas essa curiosidade também podia se voltar para máquinas que hoje nos parecem de utilidade bizarra, como uma para polir espelhos ou uma para quebrar moedas.
A exposição mostra alguns desses instrumentos e deixa de lado os estudos botânicos, anatômicos, ópticos e químicos que Da Vinci também realizou -como se pode ver em pranchas, por exemplo, no Museu Nacional da Ciência e da Técnica em Milão (Itália).
Há também um belo livro dedicado a isso, da editora francesa Roger Dacosta: ``Dessins Scientifiques et Techniques" (Desenhos Científicos e Técnicos), de Pierre Huard e Mirko Grmek.
A exposição basta, no entanto, para que se repense a visão hoje dominante de que Da Vinci pretendia controlar a natureza com a matemática -com a crença de que o homem é a medida de todas as coisas. Pois, se a medida não fosse ele, quem (ou o que) seria? A curiosidade é o único valor universal humano. Vide Da Vinci.

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