São Paulo, quarta-feira, 9 de agosto de 1995 |
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Livro diz que Jorge Luis Borges é "invenção" de Bioy Casares
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Essa é a idéia defendida no romance ``There Is No Borges", do alemão Gerhard Kopf, publicado nos EUA no ano passado pela George Braziller (196 páginas, US$ 18,50). O livro tem como narrador um decadente e suicida professor de literatura portuguesa que viaja da Alemanha para Macau para uma conferência. No avião, encontra-se com um misterioso passageiro argentino que diz ter conhecido Bioy Casares e Borges e lhe oferece novos subsídios para a idéia de que este não passara de uma invenção daquele. O livro é coalhado de citações das obras e das biografias de Bioy Casares e Borges usadas como indícios para decifrar a realidade. A chave para descobrir o segredo está no romance de Bioy Casares ``A Invenção de Morel", prefaciado por Borges. O ator que viveu Borges, de acordo com o livro, se chamava Aquiles Scatamacchia e foi contratado por Bioy Casares para interpretar o papel quando trabalhava num teatro de província na Argentina. A famosa frase de Borges ``ler é pensar com a mente de um estranho" é citada como uma das provas de que um ator viveu o personagem do poeta. Scatamacchia teve problemas com a vista de tanto ler os originais que Bioy Casares criava para Borges e isso fez nascer o que é chamado ``o mito do cego que vê". ``A cegueira não reduziu o Projeto Borges. Ao contrário, transformou-o numa espécie de culto", diz o livro. Os problemas se tornaram maiores quando o ator, cego, deixou de conseguir recordar com precisão os textos de Bioy Casares que, então, contratou a única pessoa a quem deu acesso à verdade: Maria Kodama. Kodama não deveria jamais se separar de Scatamacchia para não deixá-lo cometer erros. Mas o ator acabou se apaixonando por ela e os dois se casaram, com a permissão de Bioy Casares. Ela recebeu todos os direitos dos livros assinados por Borges sob a condição de jurar sobre a Bíblia não contar a verdade a ninguém. Além da tese de que Borges não passou de um personagem de Bioy Casares, o livro de Kopf também defende a teoria de que Cervantes e Shakespeare foram a mesma pessoa. Texto Anterior: MIS expõe inventos de Leonardo da Vinci Próximo Texto: Woo transfigura violência quatro vezes Índice |
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