São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 1995
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Um teste para a população

Com início no dia 28 e duração de cinco dias, o rodízio de automóveis para a diminuição da poluição atmosférica na capital terá de superar um sério obstáculo que desde já pode ser previsto.
Os problemas ambientais em geral têm sido considerados de importância secundária perto de outros que o cidadão comum enfrenta diariamente e, por isso mesmo, tendem a atrair preocupações mais retóricas do que operacionais.
Assim, o fato de não se prever a aplicação de multas para os eventuais infratores do esquema de revezamento pode predispor o munícipe a não encará-lo com a seriedade que lhe é devida.
No entanto, dado seu caráter inédito e experimental em São Paulo, a iniciativa faz um desafio à mentalidade do homem urbano, que muitas vezes parece apostar temerariamente numa infinita tolerância orgânica e psicológica para com as más condições do ar que tem respirado nas últimas semanas.
Independentemente de seu alcance imediato, dadas as dificuldades que deverá enfrentar -como a falta de uma rede de transportes públicos capaz de atrair e absorver o contingente de motoristas sem carro-, o rodízio pode oferecer uma excelente oportunidade para avaliar o nível de maturidade da população para a mobilização de recursos que permitam a superação de um problema de saúde pública que até hoje não foi tratado com a devida atenção.

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