São Paulo, sábado, 12 de agosto de 1995
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Porto de Santos é mais perigoso do Atlântico Sul

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

A OMI (Organização Marítima Mundial) divulgou em Londres relatório em que classifica o porto de Santos (72 km a sudeste de SP) como o mais perigoso do Atlântico Sul no que se refere a roubos de cargas.
Segundo Ricardo Martins, 23, dono de uma empresa especializada em seguro de navios, ``a situação em Santos é grave".
Nos seis primeiros meses deste ano, Martins registrou 12 embarcações assaltadas no porto santista.
``Em 93 foram 34 ocorrências. No ano passado, atendemos mais de 40 navios que sofreram roubos de cargas e ataques a tripulantes", afirma Martins.
O diretor do Sindamar (Sindicato das Agências Marítimas do Estado de São Paulo), Elmar Braun, diz que a Polícia Federal, responsável pela fiscalização e repressão aos atos de pirataria, possui ``uma lancha quebrada para patrulhar o litoral de Santos".
``Não há efeito prático em avisar a Polícia Federal. Os ladrões estão mais bem equipados do que a polícia. Eles possuem lanchas velozes e armas", afirma Martins.
Segundo ele, em geral, os ladrões operam de madrugada. Eles dão preferência a navios vindos da Europa e dos Estados Unidos. Produtos eletrônicos e de alto valor são os mais procurados.
``Muitas vezes, os piratas arrombam de 30 a 40 contêineres em um navio. Boa parte dessas mercadorias acaba no mercado negro ou com vendedores ambulantes da cidade", conta Martins.
Segundo a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), 42 navios estavam ontem no litoral de Santos, aguardando vaga para atracação.
Em média, segundo a Codesp, os navios ficam parados de 2 a 4 dias na costa. Para o diretor do Sindamar, a média de espera no litoral é superior a sete dias.
``Os navios ficam muito tempo no litoral, além do necessário, em virtude da falta de estrutura do porto de Santos. Isso facilita a ação dos ladrões", diz Braun.
Segundo empresas de seguro e agências marítimas que atuam no porto, a maioria (60%) dos ataques acontece quando o navio está aguardando para atracar. Isso ocorreria por causa do desaparelhamento da Polícia Federal.

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