São Paulo, sábado, 12 de agosto de 1995 |
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Mulher parou de estudar para ajudar marido
FERNANDA DA ESCÓSSIA
Por um telefonema da empresa Transroll à sua mãe, Maria José, Cláudia soube que o marido estava preso em Rouen (norte da França) e que confessara ser traficante. ``Nunca acreditei. Achei que, na hora, a bebida podia ter atrapalhado a defesa dele, mas sabia que ele era inocente. Eu batia de porta em porta, como louca, para encontrar alguém que pudesse me ajudar." Cláudia procurou, no Rio, o Ceap (Centro de Articulação das Populações Marginalizadas) e lá obteve a indicação sobre o Solidariedade França-Brasil, uma organização não-governamental francesa de defesa de direitos humanos. A ONG localizou Pacífico e seu advogado em Rouen e manteve Cláudia informada sobre o andamento do processo. No período em que Pacífico esteve preso, Cláudia parou de estudar. Passava o dia cuidando da investigação e dos documentos do marido. Conseguiu o extrato de duas contas bancárias de Pacífico nos últimos três anos. O objetivo era provar que ele havia recebido apenas o dinheiro do salário. Cláudia nunca conseguiu visitar o marido na prisão. Não tinha dinheiro para a passagem. Os dois trocavam cartas. Ele nunca contou a Pacífico que a mãe dele adoecera e morrera no período da prisão. ``Eu também achei que ia ficar louca. Fazia trabalhos como free-lance em feiras, ateliês de costura e arte, deixei de estudar. Só pensava em tirar o Pacífico da cadeia", diz. Cláudia, como o marido, diz que o governo brasileiro não se interessou pelo caso. ``Tive mais ajuda dos franceses que dos brasileiros. O Ministério das Relações Exteriores só me dizia que estava acompanhando o processo e me mandava aguardar", diz Cláudia. (FE) Texto Anterior: Brasileiro vai à Justiça contra governo francês Próximo Texto: `Tinha medo de ficar louco' Índice |
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