São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995 |
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Juiz de RO diz que não aceita ser 'bode expiatório'
JOSÉ MASCHIO
Onze pessoas morreram no confronto -dois policiais e nove sem-terra. A conduta do juiz é questionada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Paoletto é acusado de dar ordem de despejo mesmo sabendo do risco de conflito armado. Paoletto disse ter ``a consciência tranquila". Segundo ele, tudo foi feito dentro da lei. Ele afirmou não temer uma correição (investigação administrativa da Justiça). ``Não haverá indícios de que agi ao arrepio da lei.". O juiz disse que determinou a reintegração imediata ``depois que já haviam se recusado a sair da área, não obedecendo mandado anterior de reintegração". No dia 18 de julho, o juiz-substituto Roberto Gil de Oliveira concedeu reintegração de posse ao fazendeiro Hélio Pereira de Morais, proprietário da fazenda Santa Elina, de 14 mil hectares. Oliveira recomendou em sua determinação que a polícia executasse a ordem judicial ``com moderação para evitar confrontos, comuns nessas operações". ``A recomendação anterior, de cautela, já existia. Eu exigi apenas que fosse uma reintegração imediata, porque não queria que a coisa se arrastasse por muito tempo", disse Paoletto. Ele afirmou que não aceita ser usado ``politicamente, como bode expiatório". Segundo o juiz, ``os excessos, se existiram, serão apurados nos inquéritos instaurados". Além do inquérito policial instaurado pela Polícia Civil de Rondônia, o ministro da Justiça, Nelson Jobim, determinou um inquérito policial federal. Delegados da PF já estiveram na área de conflito e deverão iniciar a coleta de depoimentos dos envolvidos nesta semana. Os trabalhadores sem terra que estão alojados no salão paroquial da Igreja Católica de Colorado do Oeste (sul de Rondônia) começaram ontem a prestar depoimento à Polícia Civil do município. Na noite de anteontem, Paoletto determinou a prisão preventiva de oito pessoas, apontadas como lideranças dos sem-terra. Segundo o juiz, a prisão preventiva se refere a uma tentativa de homicídio que aconteceu em 1992, quando os sem-terra invadiram a fazenda São Carlos, em Corumbiara (RO). Texto Anterior: Culturas nativas recuperam o solo Próximo Texto: FHC quer mudança em projeto de patentes antes de viajar aos EUA Índice |
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