São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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Estoques voltam ao normal em setembro

MÁRCIA DE CHIARA; EDUARDO BELO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ajuste que as empresas começaram a fazer só deve surtir efeito a partir de setembro. Até lá, indústria, comércio atacadista e lojas de importados vão carregar estoques até 35% acima do normal e apelar para a política de descontos a fim de colocar as coisas em dia.
Para aliviarem os depósitos abarrotados, fabricantes e atacadistas de alimentos, utilidades domésticas e produtos de limpeza estão oferecendo descontos de até 20%. Mesmo assim, as vendas reagem lentamente.
Os problemas se concentram nos derivados de leite, achocolatados, alguns artigos de higiene e limpeza, além de artefatos de plástico e de alumínio.
A Flex-A-Carioca, por exemplo, fabricante de utensílios plásticos domésticos, está dando desconto de 20%.
Os estoques estão hoje um mês acima do normal. Desde abril, as vendas da empresa caíram 40%.
A Penedo, indústria de utensílios de alumínio para cozinha, adota a mesma estratégia: usa 70% da capacidade instalada para adequar a produção ao novo patamar de consumo. ``Até abril, trabalhávamos a plena carga", diz Domingos de Moraes, presidente.
Segundo ele, as vendas hoje estão 30% menores que a média de setembro de 94 e abril deste ano.
Há um mês, a empresa passou a dar 6% de desconto na venda a prazo. Mesmo assim, os clientes compram menos que o esperado: o comércio varejista ainda está desovando o estoque de panelas remanescente do Dia das Mães.
``Hoje o varejo está comprando muito pouco. Acreditamos que as lojas vão voltar às compras a partir do final de agosto", diz Moraes.
``Não adianta dar desconto muito grande porque as vendas não respondem proporcionalmente", confirma Douglas Simon, diretor de relações com o mercado do atacadista Makro. Segundo ele, a reação é maior entre os alimentos.
O Makro tem praticado descontos de 5% a 10%, mas reluta em aceitar promoções da indústria em caso de produto encalhado.
A empresa viu seus estoques crescerem 35% e alcançarem R$ 95 milhões no final do primeiro semestre, contra R$ 60 milhões um ano antes. O normal seria ficar em torno de R$ 70 milhões.
A expectativa de Moraes é que, até lá, o varejo já tenha se livrado dos produtos acumulados, os juros tenham caído e o governo afrouxado o crédito ao consumidor.
Sem revelar o percentual, a Quaker admite que hoje está oferecendo descontos nos achocolatados (Toddy e Toddynho).
Marcos Machado, gerente de marketing, afirma, no entanto, que essa política é comum nos meses de inverno.
``O desconto permite aumentar o nosso volume de vendas sobre a fatia da concorrência", diz.
Segundo ele, seus estoques já estão ajustados ao novo patamar de consumo da economia.
A empresa está vendendo 15% menos que de janeiro a maio. Mesmo assim, diz, a Quaker ainda vende mais que antes do Real.
``Nos produtos comprados e vendidos com muita rapidez não há problemas", afirma Ronald Rodrigues, diretor da Gessy Lever. Segundo ele, estoques e vendas da empresa estão ``normais".
Já os atacadistas esperam dar início à recuperação do negócio.
Há um mês, os estoques chegavam a 28 dias. Redução das compras em até 10% e ligeiro aumento de vendas a partir de julho começaram a reverter o quadro.
Com a redução das compras, indústrias de alimentos e artigos de higiene passaram a oferecer descontos de 3% a 10%, diz Tonin.
As vendas cresceram 2% em julho sobre o mês anterior. Nos dez primeiros dias de agosto, aumentaram mais 3% sobre o mesmo período de julho, segundo Tonin.
``No atual ritmo de recuperação, em setembro o nível dos estoques estará normalizado", afirma.

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