São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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Revenda deixa Jardins para baixar custos

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A violenta queda de vendas de carros importados nos últimos meses começa a afastar algumas concessionárias das áreas mais sofisticadas e caras da cidade de São Paulo.
As lojas estão às moscas desde abril: os importadores, que venderam, no país inteiro, 24 mil carros em março, não atingiram nem 6.000 unidades em julho, uma redução de 75%.
Para enfrentar a crise, as revendas cortam despesas e reduzem número de funcionários.
A Toyo Motors, uma das maiores concessionárias da marca japonesa Toyota, acusou o golpe e decidiu mudar de ares.
Abandonou na semana passada seu amplo e luxuoso show-room na alameda Gabriel Monteiro da Silva, nos Jardins (zona oeste).
Mudou para uma loja menor, em uma estreita rua do Brooklin, na zona sul. Nos tempos da alíquota de 20%, o prédio abrigava o depósito de peças e a oficina da concessionária.
``Decidimos cortar nossos custos em cerca de 40%, por causa da queda nas vendas", explica Solano Portela, 47, gerente-geral de operações da J. Macedo Veículos, grupo que controla a Toyo Motors.
Segundo Portela, as vendas, que chegaram a 180 unidades/mês entre janeiro e março, despencaram para 20 unidades mensais a partir de maio.
Antes de decidir mudar, a Toyo tentou de tudo, segundo Portela: fez promoções, reduziu o preço dos carros, diminuiu o número de funcionários. ``Mas continuamos perdendo dinheiro", explica.
Ele acha que o caminho adotado pela Toyo será seguido por outras revendas nos próximos meses. ``O mercado não melhora antes de abril de 96, quando haverá redução de alíquota para 32%", prevê Portela.
A nova loja da Toyo só tem lugar para expor dois carros (a dos Jardins tinha vitrine para 15 veículos). O número de empregados caiu de 50 para 36.
Outra diferença significativa: o valor do aluguel. A concessionária pagava cerca de R$ 25 mil por mês de aluguel na Gabriel Monteiro da Silva e o proprietário queria aumentar para R$ 38 mil.
``No Brooklin vamos pagar cerca de R$ 10 mil", explica Portela.
A marca Toyota tem 1.800 carros em estoque. Isso é o que os 34 concessionários em todo o país querem vender até o final do ano.
``Não estamos mais comprando carros. Eles são entregues pelo importador em consignação. Pagamos apenas quando vendemos", explica Portela.
Duas outras revendas deixaram os Jardins nas últimas semanas.
A Brabus, da rede Mitsubishi, desativou a loja da av. Brigadeiro Luiz Antonio. ``O ponto era ruim", explica o importador Eduardo Souza Ramos. Ele abriu abriu outra unidade neste mês, no Shopping Jardim Sul.
A Morganti, que vendia carros Mercedes-Benz na av. Europa -o chamado ``corredor dos importados"-, fechou definitivamente as portas, após ter sido descredenciada pela importadora.
Mas, na avaliação de Emílio Julianelli, presidente da Abeiva (associação dos importadores), ainda não é possível detectar uma tendência de saída das lojas de importados de pontos nobres, como as avenidas Europa e Cidade Jardim.
``Esses corredores são os mais caros e os de maior visibilidade da cidade. Quem está lá tem mais condições de suportar a crise", explica.
Julianelli acredita que em breve o governo tomará medidas para liberar prazos de financiamento, consórcio e leasing (aluguel com opção de compra). ``Não acredito que a intenção do governo seja liquidar com nosso setor".

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