São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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Bancos querem uso de reservas

FERNANDO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban), Maurício Schulman não enxerga problemas no alto endividamento das empresas e bancos privados no exterior.
``A informação é que as reservas do Brasil são livres e estão aplicadas. A hora que precisar, disponibiliza", receita Schulman para um eventual momento de refluxo de dinheiro.
A seguir, trechos de sua entrevista à Folha:
(FR)

Folha - Se o juro no Brasil fosse reduzido, como pedem os bancos, não seria um risco para os que se endividaram no exterior, pagando taxas altas?
Maurício Schulman - Por isso que nós dizemos que o juro no Brasil tem que ser sempre um pouco mais alto que o juro internacional. Acho que o Brasil não poderá ter um juro igual ao internacional. Mas não pode ser tão mais alto, pagando até 30% ao ano acima da variação cambial.
Folha - Qual o risco de as empresas e os bancos brasileiros contraírem tanta dívida no mercado externo?
Schulman - É um problema de risco individual. Porque têm dois tipos de dinheiro que entra do exterior. O que entra em curto prazo e pode sair em curto prazo. E tem os bônus. Se o dinheiro for repassado aqui no mesmo prazo, com cláusula cambial, é uma operação normal. Há empresas do setor exportador que captam diretamente e podem correr o risco em dólar. O problema seria para as empresas ligadas somente ao mercado interno: vendem em real e tomam emprestado em dólar.
Folha - Os bancos têm renovado os bônus quando vencem?
Schulman - Os bancos têm tido facilidade até para captar. Se quiserem lançar mais, tem espaço para isso. O Brasil é um bom risco, é só ver o dinheiro que entra.
Folha - Quais as chances de a situação atual evoluir para uma crise externa como no passado?
Schullman - Com o nível de reservas que o Brasil tem, não tem nenhum problema. A informação é que as reservas do Brasil são livres e estão aplicadas. A hora que precisar, disponibiliza.

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