São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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Jovens vão ao interior da França mendigar

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

Um dos principais motivos para a polêmica das leis antimendigos ter explodido em agosto é o deslocamento em massa de jovens sem emprego e sem escola pelas pequenas cidades turísticas do litoral e do sul da França.
Esses ``neomendigos" se juntam de maneira mais barulhenta aos pequenos grupos de pedintes tradicionais do interior.
Neste ano, 12 prefeitos decretaram medidas que proíbem a mendicância.
Nas férias de verão, cidades como La Rochelle (litoral oeste) ou Avignon (no sul do país) atraem jovens com a realização de grandes festivais de música e de teatro.
O prefeito de La Rochelle, Michel Crépeau (do Movimento Radical de Esquerda), proibiu, no dia 4 de julho passado, que "pessoas ou animais se esticassem ou deitassem nas ruas, de modo a atrapalhar os pedestres.
No dia 16 de julho, a organização não-governamental mais ativa na defesa dos sem-teto, a DAL (sigla de Direito a um Teto, em francês), organizou a "Noite dos Deitados, em protesto à medida do prefeito.
No dia seguinte, o primeiro-ministro do país, Alain Juppé, disse que "proibir mendigos é varrer o problema para debaixo do tapete.
Em 20 de julho, o seu governo circulava uma portaria regulando as leis antimendigos.
O prefeito Crépeau, 64, ministro da Justiça e do Ambiente em 1986 (quando o governo era socialista), disse à Folha, no dia do anúncio da portaria, que "não proibi ninguém de estender um chapéu e pedir trocados. Só não se pode deixar que as pessoas criem caso na rua.
Só um deles é da Frente Nacional, partido que prega restrição à entrada de estrangeiros no país.
(VTF)

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