São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 1995
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Cabecear pode causar danos ao cérebro

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Jogadores de futebol que cabeceiam a bola com frequência podem sofrer danos cerebrais, sugere estudo divulgado nos EUA.
A pesquisa da psicóloga Adrienne Witol, da Faculdade de Medicina de Virgínia, mostra que cabeceadores têm pior desempenho em testes neurológicos do que colegas que cabeceiam menos.
O mais alarmante, segundo ela, diz respeito à capacidade de concentração. Mas também foram constatados problemas com reconhecimento facial, agilidade mental e nível de inteligência.
É a primeira vez que um estudo científico aponta possíveis efeitos neurológicos decorrentes da prática de futebol.
A Federação Norte-Americana de Futebol atacou as conclusões de Witol. O porta-voz da entidade, Tom Lange, afirmou que há 18 milhões de praticantes de esporte no país e nunca se soube de problema neurológico entre eles.
A própria Witol diz não querer ser alarmista: ``Ainda não é o caso de se impedir crianças de jogar futebol. Mas já está na hora de tornar esse esporte mais seguro".
Ela sugere a adoção de técnicas de cabeceamento que diminuem as chances de danos cerebrais e o uso de capacete para amortecer o impacto da bola sobre a cabeça.
Outro estudo científico envolvendo futebol divulgado nos EUA é o que indica a existência de relação causal entre o resultado de uma partida e o nível de testosterona nos torcedores de cada time.
Antes da final da Copa do Mundo do ano passado, pesquisadores da Universidade Estadual da Georgia checaram os níveis de testosterona (hormônio masculino) de torcedores de Brasil e Itália.
Depois do jogo, a mensuração foi repetida nos mesmos torcedores: entre os brasileiros, o nível de testosterona havia aumentado em média 27,6%; entre os italianos, havia diminuído 26,7%.
O psicólogo James Dabbs, líder do projeto, concluiu que o sentimento de poder ganho ou perdido faz com que os níveis de hormônio variem com o resultado dos times com que as pessoas se identificam.
O estudo é consistente com outros que verificaram variações similares em atletas que vencem ou são derrotados em competições.

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