São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 1995
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Autópsia indica que houve chacina no conflito de RO

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM VILHENA (RO)

A Secretaria de Segurança Pública de Rondônia deverá receber nesta semana os laudos finais das autópsias dos corpos dos 11 mortos no confronto da fazenda Santa Elina, em Corumbiara (sul de Rondônia).
Os laudos médicos devem apontar que alguns sem-terra foram mortos depois de já estarem dominados, e não durante o tiroteio com a polícia, conforme apurou a Agência Folha.
Os laudos deverão concluir que houve assassinato, com base na maneira que os projéteis perfuraram os corpos das vítimas e pela curta distância dos disparos.
O médico Luis Hassegawa, que acompanhou a autópsia dos 11 corpos, não quis confirmar a informação. Hassegawa disse apenas que houve tiros a curta distância.
Ele disse que os laudos serão entregues à delegacia de polícia regional de Vilhena, ``que, pela gravidade do fato, deve encaminhar diretamente à Secretaria de Segurança Pública".

Comandante
O governador de Rondônia, Valdir Raupp (PMDB), anunciou ontem à noite a exoneração do comandante da Polícia Militar, coronel Wellington de Barros Silva.
``O coronel me pediu para ser exonerado e eu concordei. Ele acredita que, dessa forma, as investigações poderiam acontecer com mais tranquilidade e maior isenção. Foi uma decisão sensata", afirmou.
O coronel afirmou que sua exoneração foi definida durante conversa na tarde de ontem com o governador.
``Foi uma decisão política. Eu fui eliminado porque a corda sempre arrebenta do lado mais fraco", disse.
``Como o sistema é podre, eu saio. Mas saio de pé, porque sou respeitado por minha tropa."
Para o posto de Barros Silva, Valdir Raupp nomeou interinamente o coronel Cláudio Ramos.

Desarmamento
A operação de desarmamento na região de Corumbiara e Colorado do Oeste, prevista para começar ontem, teve de ser adiada.
A nova data não será divulgada, para evitar que fazendeiros e sem-terra se previnam, escondendo as armas.
O diretor de Comunicação Social do Governo de Rondônia, Carlos Araújo, disse que, "por sorte, não houve divulgação da ação pelos meios de comunicação do Estado".
Os jornais e revistas de circulação nacional chegam com atraso nos municípios considerados focos de tensão.

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