São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1995
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Real fortalece Bradesco

OSCAR PILAGALLO

Campeão do varejo lucra o equivalente a duas novas fábricas de caminhões da Volkswagen no Rio
Maior banco privado do Brasil, o Bradesco emergiu do Real com sua liderança consolidada.
O Bradescão, como é chamado popularmente, tem números que justificam o aumentativo. Em 94, o lucro foi de pouco mais de meio bilhão de dólares, o suficiente para construir duas fábricas como a que a Volkswagen vai fazer em Resende (RJ).
O presidente do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão, 69, reconhece que o fim do ganho inflacionário (``floating") teve impacto negativo. ``As tarifas estão muito longe de representar o que o banco ganhava com o `floating'."
O Bradesco se beneficiou da disparada dos juros -apesar dos compulsórios e da cunha fiscal, como ressalva Brandão.
O reverso dessa moeda foi a multiplicação dos casos de inadimplência. O Bradesco não foi exceção: em junho, 5,12% dos seus empréstimos estavam atrasados.
Brandão acha que o abrandamento -ou não- da crise de liquidez depende do governo. Mesmo apostando em um relaxamento, diz que ``se forem mantidos os juros nos níveis atuais e continuarem as restrições ao crédito e os compulsórios, deverá haver até um agravamento".
Desde o início dos anos 90, o banco vem diversificando suas atividades. Hoje, o Bradesco tem ações em cerca de 40 empresas produtivas, num investimento conjunto avaliado em mais de US$ 500 milhões.
A estratégia é manter participações minoritárias em empresas bem posicionadas no mercado.
Neste ano, o Bradesco projeta investir cerca de US$ 150 milhões, o que é equivalente a 70% do desembolso do ano passado. ``Isso é um pé atrás", diz Brandão.
Grande parte do investimento está concentrada na área de automação, em que o banco planeja colocar US$ 100 milhões.
Esse gasto com informática será inferior à metade do de 94. Mas a queda está longe de indicar menor atenção ao setor. Ao contrário, significa que os investimentos no passado foram suficientes para garantir presença de destaque em automação. Tanto que em 94, pela primeira vez, o auto-atendimento superou o movimento no guichê.
A automação, somada à preocupação com a busca de maior produtividade, tem levado o Bradesco a enxugar seus quadros. O banco está hoje com 66 mil funcionários, o que Brandão considera de bom tamanho.
O crescimento do banco está em parte condicionado à política do governo. Pouco antes das medidas para conter a entrada de divisas, o Bradesco previa trazer para o Brasil US$ 400 milhões com a emissão de títulos no exterior (eurobônus e ``commercial papers"), o dobro do captado em 94.

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