São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1995
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EUA reconhecem existência de trabalho escravo na Califórnia

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O secretário do Trabalho dos EUA, Robert Reich, reconheceu que cerca 60 operários de uma indústria têxtil na Califórnia eram virtuais escravos.
A tecelagem, em El Monte, cerca de 30 km a leste de Los Angeles, usava cerca de 60 imigrantes ilegais tailandeses para operar.
Os trabalhadores ganhavam US$ 0,50 por hora (o salário-mínimo é US$ 4,25) e eram obrigados a trabalhar até 22 horas por dia, sete dias por semana.
Além disso, moravam em acampamentos cercados por arame farpado, eram ameaçados de estupro e surras e seus patrões lhes diziam que só poderiam deixar o trabalho depois de terem pago as despesas de sua entrada nos EUA.
Reich classificou o caso como ``o mais hediondo que já se viu neste país" e disse que o governo exigirá da empresa US$ 5 milhões para serem pagos aos operários.
Algumas das principais lojas de departamentos do país eram clientes da tecelagem. Entre elas: Sears, Macy's e Neiman Marcus.
O Departamento do Trabalho acha que as lojas não sabiam das condições da fábrica, mas elas também estão sob investigação.
Reich afirmou acreditar que o caso de El Monte é isolado. Mas admitiu que situações de exploração abusiva do trabalho de imigrantes ilegais têm crescido.
``Estamos testemunhando o desenvolvimento de uma economia de Terceiro Mundo bem no centro do Primeiro Mundo", disse.
Os donos não foram identificados. Reich prometeu que serão presos e processados.
(CELS)

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