São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 1995
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Para senador, houve recuo do Planalto

Segundo ACM, tudo o ele disse sobre o acordo 'é verdade'

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) afirmou ontem que o acordo firmado para salvar o Banco Econômico não previa o depósito de R$ 1,8 bilhão pelo governo baiano. Segundo ele, o presidente Fernando Henrique Cardoso mudou de idéia porque não gostou da repercussão da notícia.
"Acredito que hoje (ontem) talvez não esteja havendo tanta boa vontade como na segunda-feira, quando foi feito o acordo. Principalmente, porque a mídia colocou-me como um vencedor, coisa que não ocorreu. Acho que o presidente se zangou com isso", afirmou ACM, no final da tarde.
Tentando amenizar a relação com o Palácio do Planalto, o senador baiano disse que o vencedor foi o presidente. ``Quem perdeu fui eu", afirmou.
Segundo ele, ``segmentos" estão dificultando a execução do acordo e prometeu apontá-los, se não for encontrada uma solução para o Econômico. ``Se me botarem para escanteio, vou ter que apontar", disse.
Pela manhã, ao saber das críticas feitas a ele por Fernando Henrique, durante discurso a governadores do Norte e Nordeste, o pefelista mostrou-se surpreso e chegou a fazer ameaças.
"Ele (FHC) sempre me diz tantos elogios, que não posso acreditar que se refira a mim assim. Ele me respeita, sabe que eu mereço respeito. Quando ele falar diretamente comigo assim, eu terei resposta para ele. Eu o respeito na medida que ele me respeite".
À tarde, mandou outro recado ao presidente, mais conciliador: ``Chegou a hora de se pensar com mais frieza, de acabar com esses melindres e toda hora uma indireta para cá e para lá. A coragem é predicado de todos e, consequentemente, ninguém precisa exaltar-se de ser mais corajoso que o outro".
Antes de saber das declarações do presidente, o senador baiano já não escondia sua irritação com o suposto recuo do governo federal em relação à estatização do Banco Econômico. ``Quem mudou de posição foi o Banco Central", disse.
"Tudo o que afirmei anteriormente foi acertado pelo governo federal e o governo da Bahia. Eu não disse nada que não fosse verdade", afirmou várias vezes.
O principal cacique do PFL referia-se ao acordo para que a intervenção no Banco Econômico fosse suspensa pelo Banco Central, que passaria a adotar o regime de administração especial temporária.
O senador não quis responder se o governo da Bahia teria condições de arcar com os recursos necessários à recuperação do Econômico, se o BC não ajudasse.
Sobre a declaração de FHC de que o governo federal não vai aplicar nenhum recurso para salvar o banco baiano, ACM meditou para ponderar sua resposta.
"Você quer que eu diga que ele recuou. O que digo é que não deixei de dizer a verdade sobre todo esse acordo. Tudo o que eu disse em relação a esse acordo foi verdade. Se não está sendo cumprido, não é por parte da Bahia", disse.
Segundo ACM, a bancada parlamentar e o governo baiano preparam uma reação. "Mas não vou dizer o quê, no momento".
Anteontem, ele enviou ao ministro Pedro Malan (Fazenda) carta dizendo que ``jamais havia falado em dossiê" contra diretores do BC. Na terça, ACM havia ameaçado divulgar denúncias contra a diretoria do Banco Central.

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