São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 1995
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Preços mais acessíveis valorizam Freddy

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um dos restaurantes mais antigos da cidade, o Freddy, 61 anos, anuncia um corte geral nos seus preços. Era o que faltava para completar um ciclo de recentes e sutis transformações.
Mas o Freddy ficou barato? Nem um pouco. Ainda é muito caro. Ainda assim, os cerca de US$ 100 (com bebidas) gastos por pessoa caíram hoje em mais de 30%.
A queda se deve à contenção de gastos dos clientes e também aos reajustes operados pela casa em todo o cardápio.
Reajustes causados, por sua vez, pela reação da clientela, que fugia dos preços altos. Não havia muita saída.
Mas a proeza do Freddy não está apenas na redução de preços (que outros restaurantes também estão operando), mas também no fato de que, desde o ano passado, tem havido uma melhora na qualidade do serviço, ao mesmo tempo que sua cozinha mantém uma admirável estabilidade.
Até pouco tempo atrás, comer no Freddy era uma boa experiência gastronômica, mas maculada por inquietantes detalhes.
A ausência de bons equipamentos de mesa, de uma carta de vinhos decente tornava incompleta a refeição e absurdos os preços cobrados.
Há 41 anos instalado neste endereço no Itaim, hoje o Freddy tem em suas mesas alvas toalhas, taças de cristal para os vinhos e duas adegas climatizadas. O ambiente é o do bistrô tradicional, com lambris de madeira.
A cozinha é autêntica na citação dos pratos franceses com ingredientes que o pernóstico gosto brasileiro -adorador do filé mignon- despreza: deliciosas rãs à doré, dobradinha à moda de Caen, miolos à meunière, rabada, rins de vitelo à provençal...
Tudo isso é preparado por veteranos como o chef mineiro Geraldo Rodrigues, 51, cujos erros (arroz duro, excessos de creme, molho rosé na coquille St. Jacques) são episódicos.
O cardápio não é só para aventureiros do paladar. Salada de endívias, peito de pato, escalopes ao molho madeira, filé na mostarda, tenras costeletas de cordeiro também compõem o menu, completado com uma tartelette de uvaia (massa coberta com geléia feita pelo dono com essa fruta brasileira de pomar). Tradição caseira digna de um bistrô.

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