São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 1995
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A revolta dos contribuintes; Reserva feminina; Conclusão prematura

A revolta dos contribuintes
``É fantástica a inversão de papéis observada com o `affaire' Econômico. Um líder do PFL, nada menos que ACM, defendendo a estatização, enquanto políticos e intelectuais ligados ao PT -vide artigo de Paulo Nogueira Batista (Folha, 17/8)- defendendo os rigores e a pureza técnica do Banco Central independente -também defendida por articulistas deste jornal. Valeria lembrar: a dinâmica do capitalismo inclui, inexoravelmente, perdas intermitentes -umas `socializadas', vale dizer, ressarcidas pelo Estado, enquanto outras efetivamente mantidas como prejuízo. Os mais austeros bancos centrais acodem, e com bilhões de dólares, as vítimas da globalização. Nesses, no entanto, não se jogam pedras."
Armando Barros de Castro (São Paulo, SP)

``Eu, como baiano, sinto-me humilhado pela vergonhosa solução dada ao caso Econômico. Um banqueiro e seus asseclas fazem suas orgias financeiras e somos nós, povo baiano, que vamos pagar? ACM manchou a imagem da Bahia mais uma vez para livrar o capital de seus comparsas e saldar sua dívida política com seus financiadores."
Sergio Mauricio Costa da Silva Pinto (Salvador, BA)

``Ainda há tempo! O Plano Real vive um momento crucial e o sr. presidente, a hora da verdade: ou, com a coragem que os grandes estadistas têm, recua, cumpre as leis e caminha para a liquidação do Banco Econômico, ou então, desconhecendo a força de seu cargo e os anseios da nação, se mantém curvado aos interesses de parte da classe política, projetando o país a horizontes sombrios. A Bahia merece todo o respeito. Porém, mais que interesses imediatos, precisa e deseja o sucesso do Real. O governo não pode criar precedentes, nem premiar o descalabro administrativo do Econômico. O que dirão Estados como Minas e Ceará que, à custa de sacrifícios para toda a população, mantêm seus bancos estatais em ordem? Caberia ao presidente (e ainda há tempo) convocar e pedir o apoio dos governadores, dos líderes da sociedade civil, da imprensa, das Forças Armadas até, da nação enfim. Nunca se tornar refém de um político poderoso. Pois muito mais poder tem seu mandato, sr. presidente!"
Antônio Luiz Sampaio Teixeira (Belo Horizonte, MG)

``Os últimos acontecimentos, como os casos Dallari e Banco Econômico, colocam a nu a relação `cumpliciosa' do governo FHC com os tubarões da iniciativa privada. Nada mudou. A opção pefelista de FHC é que dá o tom dos rumos que o governo vem tomando. É preciso que a sociedade acorde para esses acontecimentos. Afinal de contas, quem paga o pato somos nós, através do Tesouro e do aumento dos preços. Que tal chamar uma CPI no Congresso?"
Josinaldo Santos da Luz (São Luís, MA)

``O senador ACM dá uma demonstração à nação de que o PFL é quem manda neste Brasil e não FHC que, apenas e então somente, foi eleito o presidente da República. É isso que dá vender a alma ao demônio para ser eleito. A única saída agora, compadre, é `abraçar o diabo'."
Renato Angelo Basso (Tietê, SP)

``Gostei mesmo do `esquemão': o governo federal assume as dívidas dos bancos e empresas federais; os governos estaduais (como no caso do Banco Econômico), dos estaduais; as prefeituras, dos municipais; as associações de bairros, dos lojistas locais; e o condomínio do prédio onde eu moro...! Acho, do jeito que as coisas vão, que posso ter esperanças."
Celso Fonseca (São Paulo, SP)

``Vendo as notícias e a decisão do governo no caso Econômico, entre outros, me pergunto: quando não teremos mais vergonha dos nossos governantes?"
Marcio José Prudente (Cruzeiro, SP)

``A subserviência canina de Fernando Henrique a Antônio Carlos Magalhães tem um lado positivo: deixa claro para o povo brasileiro que, se ACM manda e desmanda em uma aliança partidária, dá para imaginar o que será capaz de fazer com seu filhinho na Presidência."
Paulo Tadeu Silva D'Árcadia (Poços de Caldas, MG)

``O Brasil, a cada presidente que assume, perde a oportunidade de amadurecer. Os casos Dallari e Econômico mostram a falta de seriedade a que o país se submete. A conjuntura que se apresenta sugere que a renúncia de FHC seria muito bem-vinda para que a nação pudesse, de novo, tentar encontrar o caminho do desenvolvimento econômico e social."
Nilo Augusto Ferreira de Moraes (Altair, SP)

``Foi pela Bahia que o Brasil foi descoberto, nada mais justo que de lá seja governado. Quanto ao Fernandinho, talvez reste o papel de primeira-dama como consolo. E viva a Bahia!"
Marcos Moreno (Varginha, MG)

``FHC já tinha perdido vários dedos da mão espalmada que exibia durante a campanha eleitoral (saúde, educação, agricultura, segurança e emprego). ACM acaba de lhe amputar a mão forte com a qual prometia dirigir a nação. Foi uma `navalhada' e tanto."
José Elias Aiex Neto (Foz do Iguaçu, PR)

Reserva feminina
``A propósito da reportagem `Ruth apóia as cotas mínimas para as mulheres' (11/8), gostaria de parabenizar a Folha por ter sido o único jornal que deu ao fato a importância que ele merece. A maior participação das mulheres no Legislativo já é uma realidade na Argentina e na Noruega, que adotam o sistema de cotas. Precisamos tê-lo no Brasil."
Gleisi Helena Hoffman Toscan (Curitiba, PR)

Conclusão prematura
``Tendo em vista a publicação de reportagem na Folha de 15/8, pág. 1-10, onde foi editado que o promotor de Justiça de Colorado do Oeste havia dito que a Polícia Militar do Estado de Rondônia teria agido com excesso no cumprimento no caso dos sem-terra em Corumbiara, cumpre-me esclarecer alguns pontos. Em momento algum da entrevista foi por mim afirmado categoricamente tal fato, como lá pareceu. Disse que até aquele momento somente haviam sido ouvidos os posseiros e que, pelas suas versões, concluir-se-ia que teria havido excesso por parte dos militares, porém, ainda seria necessária a oitiva dos policiais que participaram da operação para se elucidar melhor os fatos e chegar a qualquer tipo de conclusão. Portanto, ainda era prematuro demais qualquer tipo de conclusão sobre os fatos."
Elício de Almeida e Silva, promotor de Justiça de Colorado do Oeste (Colorado do Oeste, RO)

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