São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fiesp discute juros com Malan

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) acha que a decisão do Banco Central de diminuir o depósito compulsório dos bancos vai possibilitar uma redução mais rápida dos juros.
A questão da queda dos juros é o principal item na reunião da Fiesp com o ministro Pedro Malan, prevista para quinta-feira, na sede da entidade, em São Paulo.
Boris Tabacof, diretor titular do Departamento de Economia da Fiesp, disse que é preciso ``correr mais dinheiro na economia".
Ele considerou positivo o alívio para o sistema financeiro, representado pela mudança nas regras dos compulsórios.
A Fiesp, disse Tabacof, defende a redução dos juros para evitar que a economia passe do atual processo de desaceleração forte para uma recessão.
Segundo o critério usado pelo governo dos EUA, estabelecido pelo economista Arthur Okun (1928-1980), uma economia está em recessão após dois trimestres consecutivos de crescimento negativo do PIB (Produto Interno Bruto, medida do que o país produz em determinado período).
``O governo não pode esperar mais para agir porque, aqui, já tivemos um crescimento negativo do PIB de cerca de 7%, segundo o IBGE, na comparação entre o segundo trimestre e o primeiro trimestre deste ano", disse.
Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo Gerdau, que atua na área siderúrgica, disse que o alívio no compulsório é um ``bom início" para a reversão do processo de desaceleração da economia.
Para ele, o compulsório é um intervencionismo do governo no mercado. ``O ideal seria minimizar ao máximo todo esse mecanismo de compulsórios, que significa, na prática, o antidesenvolvimento".
Luís Fernando Furlan, presidente do conselho de administração do grupo Sadia, disse que o alívio dos compulsórios vai ter um impacto ``bom" na economia.
``O governo chegou à conclusão de que está na hora do desaperto", afirmou. ``A decisão vai atenuar os problemas que as pequenas e médias empresas têm hoje e também os problemas de endividamento com crédito pessoal".
``Com os atuais níveis de juros, que chegam a 10% ao mês, o encarecimento dos custos das empresas acaba nas costas do consumidor ou em quebradeira", disse.
Segundo Furlan, o grupo Sadia trabalha com um cenário econômico cauteloso para este ano.
``O câmbio vai continuar abaixo da inflação, a taxa de inflação vai ficar ao redor de 26% em 95 e o país vai ter um crescimento econômico de 5%.", afirmou.

Texto Anterior: Queda no compulsório 'alivia' lojas
Próximo Texto: Inflação cai para 2,68% na segunda quadrissemana de agosto, diz Fipe
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.