São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
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Ozzy Osbourne reluta em se aposentar

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ozzy Osbourne é a principal atração do festival Philips Monsters of Rock, dia 2 de setembro, no Pacaembu.
Ele volta ao Brasil dez anos após ter se apresentado no Rock in Rio. Dois anos após ter dito que tinha abandonado o rock para sempre.
E está com disco novo na fábrica, ``Ozmosis", que levou cinco meses para ser gravado.
Por telefone, em entrevista à Folha, de Los Angeles, seu sotaque britânico arrasta-se como uma voz de pub. A língua enrolada. Os palavrões soltos.
Uma das vozes mais célebres do rock, há 25 anos pioneira nos versos macabros do heavy metal, o ex-vocalista do Black Sabbath mostrou-se amargurado ao dizer: ``Vou ser sempre lembrado como o homem que arrancou a cabeça de um morcego a dentadas".

Folha - Você não tinha dado adeus aos palcos há dois anos, quando fez uma turnê de despedida com o Black Sabbath?
Ozzy Osbourne - Depois que parei, cheguei à conclusão de que não tinha tomado a melhor decisão. Estava em casa, mas queria estar na estrada. O irônico é que, quando dava voltas ao mundo, queria sempre estar em casa. Acho que vou me danar o resto da vida por causa disso.
Folha - O que tem no palco que o atrai tanto?
Ozzy - Quando subo no palco, meu gol é deixar o público o mais louco possível. Aprendi, ao longo dos anos, que os melhores shows têm uma carga forte de imprevisibilidade. Não encaro nenhuma platéia com atitude do tipo ``ah, vocês devem se sentir honrados por estar na minha presença". Eu é que me sinto honrado. E o quanto mais louca fica a platéia, melhor eu me sinto.
Folha - Algo foi mais imprevisível do que aquele morcego jogado no palco, em 1982?
Ozzy - Eu realmente não falo sobre isso. Quer dizer, é 1995! Quando eu morrer, não serei lembrado como Ozzy Osbourne, o cantor, mas como Ozzy Osbourne, o homem que arrancou a cabeça de um morcego a dentadas! É o que acham que resume tudo o que fiz na vida.
E eu ainda sou louco o suficiente para fazer pior. Quando subo no palco, não sou a mesma pessoa que está falando com você. Eu me transformo em algo mais.
Folha - Você concorda com os fãs mais radicais, que dizem que o Black Sabbath só funcionava com você?
Ozzy - Não, isso é besteira. Se não fosse por Black Sabbath, nunca existiria Ozzy Osbourne. E vice-versa. Não vou dizer que fui a razão de o Black Sabbath acontecer, porque isso seria errado. Éramos quatro caras com a melhor fórmula para a época.
Nunca saí da banda: fui demitido. Nos primeiros quatro ou cinco anos da minha carreira solo, me alimentei de vingança. São águas passadas. Mas uma das perguntas que costumam ser feitas é o que deu errado com a reunião de 93.
Folha - É a próxima pergunta.
Ozzy - A resposta é: empresários demais. Todos tinham um empresário, que ficava brigando por mais dinheiro. Dane-se, não quero saber disso!

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