São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
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Alívio

A redução dos depósitos compulsórios mantidos no Banco Central acontece em boa hora, frente à crise no Econômico. Talvez não reduza a atual escassez de crédito, que a esta altura já obedece a condicionantes de ordem mais ampla.
Podendo alocar com maior liberdade seus recursos, os bancos ganham oxigênio para enfrentar com maior flexibilidade o movimento de desaquecimento econômico e aumento da inadimplência que caracterizou as últimas semanas. Precisam disso até mesmo antes de ampliar os financiamentos destinados à produção e ao consumo.
Entretanto, face às ainda elevadíssimas taxas de juros, as medidas de anteontem estão longe de significar uma reviravolta rumo a uma política expansionista. Trata-se sobretudo de prover algum alívio.
Depois da decolagem do crescimento no final de 1994, o governo quer agora evitar a recessão.
Nesse sentido, as autoridades econômicas mostraram-se atentas ao impacto da contração do crédito sobre as vendas e a produção. A isenção do compulsório sobre os depósitos à vista para bancos com saldo médio inferior a R$ 2 milhões dá maior fôlego às instituições pequenas, que vinham sofrendo com menor margem de manobra.
De modo geral, o controle das reservas bancárias na economia é um poderoso instrumento de política monetária, cuja aplicação nada custa aos cofres públicos. O governo fez bem em utilizá-lo. E acerta agora ao moderar seu uso. Resta saber quanto tempo ainda será preciso esperar para que as taxas de juros caiam a níveis razoáveis.

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