São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
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O grito dos excluídos

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

O grito dos excluídos quer despertar a consciência nacional para a situação dos desempregados, dos sem-teto e mal alimentados e dos que continuam aguardando o acesso à terra e trabalho no campo.
Causa profunda tristeza a constatação dos conflitos de terra, agravando a violência, e o fato de que, ainda hoje, milhares de homens e até mulheres e crianças sejam obrigados, por promessas ilusórias, a sujeitar-se à brutalidade e ao trabalho escravo, cativos de dívidas que não conseguem pagar.
Pensemos ainda no rosto sofrido dos ribeirinhos, pescadores e atingidos por barragens, seringueiros, migrantes e tantos outros que acabam dormindo pelas ruas e mendigando o pão.
Os romeiros que caminham para Aparecida do Norte e tantos outros santuários marianos elevam a Deus o seu grito de confiança pela intercessão da padroeira do Brasil.
Precisamos pedir a Deus que nos faça compreender que a raiz última da solidariedade fraterna está em sermos todos, sem discriminações, filhos amados de Deus.
Temos que aprender a conviver como irmãos. É por isso que Deus nos atrai ao santuário mariano. Aos pés da mãe comum, unimo-nos uns aos outros, superando distâncias e ressentimentos e assumindo o compromisso de promover a vida de todos.
Maria é a mãe e perfeita discípula que nos ajuda a acolher a mensagem de Jesus e a colocar em prática o mandamento do amor. Em seu santuário, logo acima da imagem humilde e querida de Nossa Senhora Aparecida, lemos em grandes letras suas palavras em Caná: ``Fazei tudo que Ele vos disser".
Celebramos no próximo domingo a festa litúrgica da assunção de Maria. É o momento de intensificar a nossa prece.
Aos excluídos Maria há de conceder sempre mais a certeza da própria dignidade, sustentando a coragem e a esperança. A todos, como mãe, há de ensinar a respeitar e promover a vida de seus filhos. Sem solidariedade não haverá superação das desigualdades sociais, nem sociedade democrática.
É, porém, o amor fraterno que torna possível a solidariedade efetiva. É isso que pedimos à mãe e padroeira do Brasil: ``Mãe, eis o grito dos teus filhos". Que Ela nos ensine a amar.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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