São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Diretoria zerou contas antes da intervenção

DA REPORTAGEM LOCAL E DA AGÊNCIA FOLHA

O dono do Banco Econômico, Angelo Calmon de Sá, e nove diretores sacaram R$ 770 mil da instituição em 11 de agosto, após o fechamento das agências. Na mesma noite, o Banco Central decretou a intervenção no banco.
A denúncia foi feita ontem por Álvaro Gomes, presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores).
“Os diretores do banco tiraram dinheiro na sexta-feira, quando expediente bancário já estava encerrado”, diz Gomes.
Cópias dos extratos bancários, divulgadas pelo sindicato, comprovam os saques no último dia 11, mostram transferências de dinheiro para outros bancos e a retirada de recursos para a compra de moedas estrangeiras.
A maior operação foi a compensação de um cheque de R$ 250 mil de Francisco de Sá Neto. Segundo Gomes, Sá Neto é parente em primeiro grau de Calmon de Sá. O próprio Angelo Calmon de Sá tirou R$ 10 mil de sua conta no dia, segundo os extratos revelados pelo sindicato.
Além das operações, os diretores do banco deixaram as suas contas correntes praticamente zeradas. A conta do diretor Agenor Macedo Pedreira de Freitas ficou, inclusive, negativa em R$ 25.873,00.
Gomes diz que outra “estranha coincidência” é que o pagamento de salários dos diretores foi feita no próprio dia 11.
“Mas os salários costumam ser pagos no final do mês e o adiantamento quinzenal é feito próximo ao dia 15”, diz Gomes.
O interventor do BC no Econômico, Francisco Flávio Sales Barbosa, mandou suspender o pagamento de cerca de R$ 200 milhões em cheques da instituição que deveriam ter sido pagos na compensação bancária do último dia 11.
Barbosa acredita que a operação poderá servir como argumento técnico que reforça os indícios de fraude e de vazamento de informação para alguns diretores.

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