São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Pressão de ACM gerou crise no governo FHC

BC resistiu à proposta do senador para o Econômico

RUI NOGUEIRA
COORDENADOR DE PRODUÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso encerrou a semana passada com um desempenho atrapalhado e de efeitos políticos catastróficos.
O candidato que sustentou na campanha eleitoral jamais usar o dinheiro público para salvar negócios privados, quase sucumbiu, sob pressão do senador-aliado Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), na negociação para salvar o Banco Econômico.
Apesar da instituição financeira ser um exemplo acabado de gerência administrativa fracassada -tem um buraco nas contas de pelo menos R$ 3 bi- FHC acenou aos amigos baianos com a proposta de apoiar a compra, pelo governo baiano, do banco falido.
Mais que isso: o governo ajudaria na administração do banco reaberto e esqueceria, por um tempo, os R$ 3 bilhões que o BC já injetara no Econômico. Só quando ACM cantou vitória, e a anatomia do acordo foi conhecida, é que FHC reagiu.
Para que FHC despertasse do feitiço baiano contribuiu também a reação da diretoria do BC. Ameaçando se demitir em peso, ela obrigou um vacilante Gustavo Loyola, presidente do Banco Central, a renegar as negociações.
Dependurado no Planalto pelas cerca de três dezenas de nomeações que fez no primeiro e segundo escalões, ACM ouviu FHC dizer que ``homem público não é o que grita". ACM devolveu suavemente: ``Acho que o presidente se zangou".
O Estado da Bahia não tem dinheiro para comprar o Econômico e a semana encerrou-se do jeito que começou, com a crise do Econômico ainda de pé e a promessa do governo FHC de que não colocará dinheiro público naquele buraco privado.

Dallari
A boa notícia da semana, sem mérito para o presidente da República, foi a decisão do então secretário de Acompanhamento Econômico, José Milton Dallari, de pedir demissão. Saiu sob suspeita de ter repassado informações privilegiadas a clientes de sua empresa de consultoria, a Decisão.

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