São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Modernos ingleses voltam dos anos 60

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

``O mod verdadeiro veio das classes operárias, de pessoas que queriam se distinguir. Eles faziam uma reprodução hipermoderna do traje eduardiano, do final do século passado. Eles queriam mostrar que podiam interpretar aquele tipo de elegância mesmo sendo da classe trabalhadora. Era uma demonstração de força", define, de um só fôlego, a empresária e consultora de moda Costanza Pascolato, 55.
Nada mais apropriado aos inadimplentes dias de hoje. Apolíticos, obcecados com estilo e aparência, os mods originais remetem também aos rígidos códigos de vestuário impostos a partir dos habitantes do planeta fashion.
O visual é simples, mas bastante estilizado. Inclui silhueta estreita, peças retas. Cabelos desfiados; levantados em cima para as mulheres. Olho escuro e boca bege.
``O mod é de certa forma um look minimalista", diz Jeziel Moraes, 33, que brilhou no Phytoervas Fashion em julho com muitos modelos neste estilo (gola rolê, calças de alfaiataria, mocassim).
``A grande mágica da moda é resgatar imagens passadas com tecidos absolutamente novos, colocando sempre sua própria bossa."
``O mod é completamente anos 90, mas leve, com um caráter mais feminino, mais romântico do que nos anos 60. As calças são secas, como os blazers, que também não têm ombros ressaltados", explica Reinaldo Lourenço, 33.
``O presente e a modernidade estão justamente nessa leitura do passado, como uma homenagem àquele pessoal todo dos anos 60", diz o estilista Jorge Kaufmann, 41.
E quem viveu o mod original? ``As coisas demoravam muito para chegar ao Brasil, conta o produtor cultural Celso Cury, 45. ``Só em 66 comecei a usar calças xadrez, roupas em preto e branco, calças de cintura baixa. Eu alisava o cabelo com touca de meia: todo mundo tinha que ter cabelo liso..."
Vânia Toledo, fotógrafa, 48, vivia entre SP, Londres, Paris e Roma: ``Vivíamos mais o que acontecia na Europa, em termos de comportamento, estilo. Não queria viver a realidade brasileira." ``Eu estava lá, de mod", diz Costanza Pascolato. ``Meu modo de me expressar era esteticamente. A única preocupação era como dormir o menos possível para aproveitar melhor o dia. Era tão divertido."

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