São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Galisteu publicará foto proibida por Senna

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES; BARBARA GANCIA
EDITOR DE DOMINGO

BARBARA GANCIA
Um programa de auditório na TV Manchete, um CD-ROM, campanhas de publicidade e um novo livro, provavelmente com as fotos que Ayrton Senna pediu para a ``Playboy" não publicar, em 92: Adriane Galisteu, 22, a mulher da vez, não parece disposta a deixar passar as oportunidades que, por caminhos tortuosos, surgiram em sua vida.
Equilibrando-se numa perigosa corda bamba, que a todo momento ameaça derrubá-la na areia movediça do oportunismo, a ex-namorada do maior mito da Fórmula 1, morto em Ímola, em maio de 94, não parece se importar com as regras do recato, da culpa e do martírio que a sociedade, não sem hipocrisia, costuma reservar às jovens viúvas.
Com novo namorado, o empresário carioca Julio Lopes, e afirmando estar de ``alto astral", Galisteu dedica-se a transformar em realidade -e em dinheiro- seus planos para o futuro.
Para isso, conta com o auxílio de uma ``junta" de amigos e conselheiros, que reúne o publicitário Nizan Guanaes, o empresário Antonio Carlos de Almeida Braga, o jornalista Nirlando Beirão, sua mãe e a secretária particular, Cristina Moreira.
A entrevista que se segue foi realizada na casa da estilista Maria Helena Lacerda, em São Paulo, num intervalo das sessões de prova do vestido que usou, na quarta-feira, na festa comemorativa dos 20 anos da revista ``Playboy" -que publica sua nudez, fotografada por J.R. Duran.

Folha - Como surgiu a idéia de fazer aquela foto da depilação, publicada pela ``Playboy"?
Galisteu - O Duran sugeriu que um dos conceitos do ensaio fosse em cima de cenas de intimidade que os homens raramente vêem: a mulher cozinhando, tomando banho, passando roupa.
Dentro disso, ele deu a idéia da depilação. Eu achava que não tinha nada a ver, mas resolvi aceitar. Afinal foi o fotógrafo que escolhi e só seriam publicadas as fotos que eu autorizasse.
No dia de aprovar o material, a primeira foto que eu quis ver foi a da depilação. Adorei. Mostrei para o Julio e para a Cristina, e eles adoraram. Minha mãe ficou assim, mas já sabia que não ia dar para puxar a calcinha para cima e a camiseta para baixo.
Depois perguntei para o Duran qual a preferida dele. Ele disse que era a da depilação, por ser uma foto que ninguém mais pode fazer.
Folha - E de onde surgiu o aparelho da Gillette? Foi merchandising?
Galisteu - Não foi. Saiu da nécessaire do Duran.
Eu queria dizer que a foto não é realista, que não se pode procurar realismo na ``Playboy". Quem quer realismo deve ler a ``Barsa".
Aquele senhor que falou de mim na Folha diz que eu sou profissional. Eu agradeço. Diz que eu sou muito bonita. Agradeço. Compara-me à Jacqueline Kennedy. Agradeço mais ainda...
Folha - Você está se referindo a uma coluna do Marcelo Coelho sobre a foto. Ele não estava discutindo o realismo das fotos. Ele estava fazendo uma leitura e tentando raciocinar como as pessoas raciocinariam...
Galisteu - Ele estava raciocinando errado.
Folha - Você também ficou irritada com a Barbara e chegou a publicar uma resposta no jornal. Por quê?
Galisteu - O que me irritou foi ela dizer que sair na ``Playboy" aumenta o ``michê" (risos). Falando sério, quando você comenta o profissional, tudo bem. Mas quando fala do pessoal tem que ser íntegro. Precisa conhecer a pessoa para falar.
Folha - Mas muita gente acha que você está desrespeitando a imagem do Ayrton. Você já tinha feito um ensaio para a ``Playboy", que ele pediu para não ser publicado. E agora você resolve posar nua...
Galisteu - Eu não estou dando essa entrevista para me justificar, mas para falar a verdade. O Ayrton foi uma porta na minha vida. Cabia a mim botar a mão na maçaneta e abrir essa porta. Foi um labirinto onde eu entrei. Poderia ter me perdido, mas não me perdi.
Eu já era modelo antes de conhecer o Ayrton. Parei de trabalhar porque a gente nunca ia ter tempo para se encontrar.
Eu fui criticada por uma amiga minha, durante uma entrevista na Globo, por ``viver à sombra do Ayrton". Eu disse: ``Olha, minha querida, seria muito fácil para mim usar a sombra do Ayrton, mas ele não está mais vivo, ele não faz mais sombra."
O que me fez conquistar o Ayrton foi eu ser da maneira que sou. Ele sempre me fazia dois pedidos: aprender inglês e não mudar meu jeito de ser...
Folha - Você quer dizer que se o Ayrton estivesse vivo, sabendo que estava morto, ele aprovaria o que você está fazendo?
Galisteu - Exatamente. Fiquei completamente catatônica com a perda do homem, não do ídolo, porque eu não estou nem aí para o ídolo. E depois disso eu tinha que fazer alguma coisa. Porque a Telesp não espera. Corta o telefone. Foi aí que surgiu o Nizan, o Nirlando, o livro. Foi o recomeço.
Folha - O primeiro ensaio de fotos para a ``Playboy", nunca vai sair?
Galisteu - Nunca.
Folha - Nem no seu livro de memórias?
Galisteu - Aí é bem provável. Não sei se no livro de memórias, mas talvez no próximo que vou lançar.

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