São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Empresas desistem do porto de Santos

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Algumas das maiores empresas do Brasil e da Argentina estão abandonando o porto de Santos, no litoral paulista, como opção para o comércio exterior.
Elas reclamam da desorganização, dos custos e da corrupção que envolvem as operações portuárias.
O Bunge & Born, maior grupo empresarial argentino, decidiu, há três meses, sair do porto e exportar alimentos ao Brasil a um custo maior por via terrestre.
``Estamos pagando o dobro pelo frete. Mas assim as mercadorias chegam ao destino", diz Cristian Fernandes, diretor da Molinos, subsidiária de alimentos do grupo.
Cansada de problemas em Santos, a Sadia, uma das líderes brasileiras da área de alimentos, trocou Santos por Paranaguá (PR) e Imbituba (SC) para exportar um milhão de toneladas/ano (US$ 500 milhões).
Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho de administração da empresa e diretor-titular do Departamento de Comércio Exterior da Fiesp, enumera as razões: produtividade baixa, preço alto e desorganização. ``Na verdade, cansamos de Santos", diz.
Há casos semelhantes nos setores de grãos, material plástico, químico e café, entre outros (ver texto ao lado).
Segundo a Confederação Nacional da Indústria, Santos é quatro vezes mais caro e duas vezes menos produtivo (na movimentação de contêineres/hora) do que outros grandes portos do mundo.
Na economia globalizada, onde o que interessa é velocidade, preço e quantidade, Santos só contempla o último item: responde por um terço do comércio externo do país e transportou, no ano passado, 34,1 milhões de toneladas -peso equivalente ao de seis pirâmides de Quéops, a maior do Egito.
Mas os contêineres que o porto movimenta custam US$ 500 cada, cinco vezes mais do que no resto do planeta, e os atrasos nos desembarques de navios podem ultrapassar uma semana.
O que já não estava bom ficou pior depois que o Brasil passou a importar mais, travando a obsoleta estrutura operacional de Santos, que ainda exige cinco homens para carregar um único contêiner num navio.
E os números da lentidão de Santos são todos de antes deste ``boom" das importações.
As novas peças do jogo que podem tornar mais leve a estrutura do porto acabam de ser empossadas.
O novo presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Marcelo de Azeredo, foi colocado no cargo a pedido do líder do governo na Câmara dos Deputados, Luiz Carlos Santos, do PMDB paulista.
Azeredo é funcionário profissional de estatais. Ocupou cargos em

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