São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Estagnação

DEMIAN FIOCCA

Constatada a drástica desaceleração da economia no segundo trimestre, o IBGE reduziu sua previsão de crescimento de 6% para 5% este ano. Se a trajetória fosse constante, não faria sentido falar em estagnação.
Mas essa previsão já considera o avanço de 7,97% no primeiro semestre em relação a igual período do ano passado. Assim, admite-se implicitamente um crescimento de apenas 2% nos segundo semestre deste ano em comparação com os últimos seis meses de 94.
Ora, a população brasileira cresce 1,9% ao ano. O crescimento per capita provavelmente será nulo entre julho e dezembro. E essa estagnação não é apenas um exercício numérico. Ela já se faz sentir de modo bastante concreto na maioria dos setores da economia.
Ainda que na comparação com o ano passado o PIB tenha crescido 5,7% neste segundo trimestre, a atividade econômica diminuiu 3,9% em relação aos três primeiros meses de 95.
Do ponto de vista do desemprego, a situação é pior. O setor de melhor desempenho é o comércio, que é impulsionado pelas importações e oferece menos vagas de trabalho. A Fiesp registra a demissões líquidas de 2,8% desde maio.
P.S.: A coluna errou na projeção de que julho teria um déficit comercial de no mínimo US$ 100 milhões. Dados das duas primeiras semanas indicavam déficit de US$ 350 milhões. O equilíbrio em US$ 2 milhões mostra a velocidade em que a queda de atividade está contendo as importações. O déficit externo está sendo mitigado pela estagnação.

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