São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Infra-estrutura do México melhora com privatizações

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

``A infra-estrutura mexicana passou por um salto qualitativo com as privatizações". A opinião é de Roberto Blum, economista do Cide (Centro de Investigação e Desenvolvimento Econômico).
Para ele, a privatização dos setores de telecomunicações, financeiro e de transportes no governo Carlos Salinas (89-94) desempenhou papel definitivo nas negociações do Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que une México, EUA e Canadá). ``Sem isso, teria sido muito difícil a aceitação do México".
Entre 89 e 94, foram construídos 4.200 quilômetros de auto-estradas, com quatro ou mais pistas. Essa cifra é quatro vezes superior ao número de quilômetros construídos nos 25 anos anteriores.
Segundo dados do Ministério dos Transportes, 72% do investimento foi efetuado pela iniciativa privada. Além disso, estão em construção outros 2.121 quilômetros de autopistas, com participação ainda maior do setor privado.
Em telecomunicações, os investimentos na Telmex (Teléfonos de México) passaram de US$ 700 milhões por ano a US$ 2,1 bilhões com a privatização.
Passados quatro anos e meio da venda da empresa, o número de linhas telefônicas em operação aumentou 63%, o de comunidades rurais com telefone dobrou e o de telefones por cem habitantes foi de 6,4 para 9,3 (no Brasil, é de 6,7).
Além dos avanços na infra-estrutura, as privatizações permitiram ao governo mexicano pagar parte de suas dívidas.
No período Salinas, o governo arrecadou US$ 21 bilhões com a venda de estatais. O presidente Ernesto Zedillo quer obter US$ 14,5 bilhões nos próximos cinco anos.

Críticas
Se antes se queixavam das condições das estradas, hoje os mexicanos reclamam do alto preço dos pedágios das novas autopistas.
No caso da Telmex, às queixas sobre qualidade dos serviços somaram-se reclamações sobre os preços. As tarifas locais aumentaram 12% após a privatização.
Para Blum, a população se queixa com razão. ``Não há dúvida de que as privatizações foram o caminho correto. Mas o processo aplicado pelo governo foi ruim".
Blum é a favor de uma transição mais rápida para a economia de mercado. Ele acredita que só a concorrência permite redução de custos e melhoria da qualidade.
No caso dos bancos, disse, a privatização fracassou exatamente porque o governo concedeu ao setor tantas vantagens que acabou inibindo seu desenvolvimento.
O governo de Zedillo já precisou emprestar aos bancos US$ 10,5 bilhões para resolver problemas de liquidez (falta de dinheiro em caixa).

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