São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995 |
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Trabalhadores trocam o dia pela noite
LUÍS PEREZ; CARLA ARANHA SCHTRUK
Para a instituição, a explicação está no crescimento de dois setores -o industrial e o de serviços. Pesquisa da OIT, realizada em 1990 junto a 59 países marcados pela industrialização, mostrou que o número de trabalhadores noturnos dobrou em 20 anos (1970-90). Após a primeira reunião internacional sobre trabalho noturno, em 1989, cada país ficou encarregado de encontrar soluções para minimizar os males à saúde. Edith Sigelmann-Silva, da medicina da USP (Universidade de São Paulo), diz que empresas da Europa buscaram alternativas. Fizeram um revezamento. Nenhum funcionário trabalha mais do que duas noites seguidas. A produtividade cai à noite, diz a OIT. Mas muitos dos que abraçam a jornada noturna dizem ter motivações a mais para fazê-la. Um exemplo: encontrar gente famosa. É o caso dos irmãos João e José dos Anjos, que trabalham em uma banca de cocos e de flores no Sumaré (zona oeste de São Paulo), em frente a um estúdio do SBT. Ganhar mais é outra motivação. É a de Paulo Costa, 21, encarregado da loja de conveniência Armazém 21, de São Paulo. Trabalha das 0h às 8h e recebe mais 20%. Também é o que acontece com Luis Campos, 23, disc-jóquei da danceteria Limelight, de São Paulo. Ele trabalha das 23h às 4h e ganha R$ 2.500. Mas já passou por maus momentos. ``Peguei um vírus e fiquei um mês de cama." Mas há os que já se acostumaram com o horário. João Gouveia, 37, coordenador de compensação de cheques do Banco de Boston, está nessa vida há 16 anos. ``No início tive de ir ao médico, não me alimentava bem", conta. Hoje, casado -sua mulher não trabalha- espera o segundo filho. Próximo Texto: TRABALHO NOTURNO Índice |
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