São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Pesquisa estuda os brasileiros em NY

CARLA ARANHA SCHTRUK
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles têm dois empregos, dividem um quarto com mais quatro ou cinco pessoas e consomem no almoço e no jantar quase sempre hambúrguer e refrigerante.
Essa é a vida dos brasileiros que vão trabalhar em Nova York (EUA), segundo pesquisa da antropóloga norte-americana Maxine Margolis, professora da Universidade da Flórida (EUA).
A maioria dos pesquisados (31%) tem diploma universitário -enquanto apenas 24% dos norte-americanos têm diploma- e imigrou para os EUA em busca de melhores salários.
Em Nova York, um engraxate recebe aproximadamente R$ 800 por mês. Quem vai ser lavador de pratos recebe o mesmo -R$ 200 semanais, em média.
Em geral, o salário pago em um mês de trabalho no Brasil equivale a uma semana nos EUA -a proporção é de quatro para um.
Juntando dois rendimentos, é possível economizar e até fazer uma pequena poupança, objetivo do imigrante brasileiro. A renda mensal chega a até US$ 1.500, de acordo com a antropóloga.
Para ela, é um engano pensar que quem vai para os EUA está desesperado com sua situação no Brasil. Seu estudo aponta que 44% dos imigrantes tinham emprego fixo aqui (veja quadro ao lado).
``É um perfil sofisticado", diz Margolis. A viagem para Nova York sai por cerca de US$ 1.000, ou dez vezes o salário mínimo nacional. Como a maioria da população não ganha isso por mês, a oportunidade de imigrar fica geralmente reservada à classe média.
Quase a totalidade (95%) aproveita os pacotes das agências de turismo -e principalmente o visto temporário- para ficar de vez no país (leia reportagem ao lado).
A chamada ``Conexão Disney World" é uma importante rota de entrada -a preferida por famílias de turistas com crianças, segundo o estudo de Margolis.
Para sobreviver em Nova York os novatos podem contar com ajuda para conseguir moradia. Existem pensões de ``patrícios", por exemplo, que se especializaram em receber os recém-chegados e cobram em média US$ 35 por semana por pessoa.
A forma mais utilizada para conseguir trabalho -os brasileiros trabalham 14 horas por dia- é pedir indicações na pensão.
Há ocupações que oferecem mais oportunidades para os brasileiros. Para as mulheres, são as de empregada doméstica e garçonete, com salário de até US$ 1.000.
Os homens contam com mais opções em Nova York. A maioria é engraxate, lavador de pratos, encanador, motorista, entregador e mensageiro. A remuneração é de até US$ 900, em média.
``É muito comum a pessoa acumular rendimentos mantendo mais de um trabalho. Esse é o caminho para fazer a sonhada poupança", afirma a antropóloga.
(CAS)

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