São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Esporte Bretão

SÍLVIO LANCELLOTTI

Apenas com suas 30 transações mais importantes, os clubes da Europa consumiram cerca de US$ 220 milhões no último verão. Fez o levantamento o belo mensário francês “Planète Foot”.
Foi mais cara, já se sabe, a transferência do italiano Roby Baggio, ex-Juventus de Turim, agora no Milan, perto de US$ 14 milhões. Surpreende, porém, a colocação no segundo posto do atacante inglês Stan Collymore, 24, que o Nottingham Forest cedeu ao Liverpool -US$ 13,6 milhões, a maior negociação de toda a história do futebol na Grã-Bretanha.
Um negro, Collymore é um jogador arisco, esperto, muito veloz, de mobilidade impressionante, e de um razoável oportunismo na área inimiga. No último Campeonato Inglês, Collymore realizou 23 dos 72 tentos do Nottingham, uma bela marca. Não vale, porém, a metade de um Baggio em forma.
Hoje, de todo o modo, se concentra na Grã-Bretanha o dinheiro mais farto do Velho Mundo. Metade das 30 maiores transações do continente envolveram equipes das ilhas de Sua Majestade. Cinco times ingleses e um da Escócia participaram, como compradores, de seis entre as dez mais vultosas.
Em três casos, a Grã-Bretanha surrupiou atletas da Itália, a líder absoluta das aquisições entre 1980 e 1994. Por US$ 12 milhões, o Arsenal tirou o avante holandês Dennis Bergkamp da Internazionale.
Por US$ 8 milhões, o Glasgow Rangers tirou o volante Paul Gascoigne da Lazio. Por US$ 7,6 milhões, o Arsenal tirou o meia David Platt da Sampdoria.
Na contrapartida, a Itália importou um único inglês, Paul Ince, que a Inter buscou no Arsenal por US$ 8,8 milhões. O “calcio” da Bota vive um momento de contenção de despesas. Até mesmo o seu governo manifestou, recentemente, as suas preocupações diante da generosidade gastadeira dos cartolas peninsulares.
Não me parece difícil justificar os motivos. Embora ainda seja uma campeã de público e de renda, média em torno de 30 mil espectadores por pugna, a Itália vem paulatinamente perdendo público em seus estádios ou na frente dos aparelhos de televisão. Enquanto isso, só a última rodada do torneio da Inglaterra apresentou a média de 27,8 mil, número em ascensão.
Para explicar a fermentação do renovado interesse do inglês pelo seu “soccer”, basta dizer que na Grã-Bretanha existem quatro revistas semanais e cinco mensais exclusivamente dedicadas ao futebol. E no Brasil, quantas há?

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