São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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China avança no mercado de `bolas nevadas'

Libération De Paris

BLANDINE HENNION
DO ``LIBÉRATION"

Os suíços a chamam de ``a bola que neva", os ingleses de ``cúpula de neve", os colecionadores franceses falam em ``bola azul", mas Pierre Convert prefere descrever suas ``bolas nevadas".
Ele é o último fabricante francês desses suvenires de férias para crianças e idosos.
Sua média empresa já criou nada menos que 400 modelos diferentes. A criação de modelos novos é um processo trabalhoso. Em primeiro lugar é preciso pesquisar o mercado. Em seguida vem a fase de conceber o tema.
``É preciso recolher uma documentação sobre o lugar escolhido. Às vezes eu vou até o local para tirar novas fotos, sob outros ângulos", conta Pierre Convert.
A seguir vem a maquete. O passo seguinte é preparar o modelo, que será feito num molde de aço. O molde é colocado numa prensa. O plástico é aquecido, depois passa para o molde. Com 20 gramas de plástico se produz as duas meias-esferas, a parte transparente para a frente e a colorida no fundo.
O modelo é pintado à mão, trabalho feito em casa por mulheres da região. Na etapa seguinte ele é colocado dentro do globo colorido.
O conjunto é colado manualmente sobre uma base de plástico colorido. A seguir as bolas são preenchidas com uma mistura de água e de ``neve", uma fina poeira de plástico branco ``que não flutua, mas cai lentamente sobre o modelo", explica Pierre Convert.
O preço de custo de cada bola é 2,50 francos franceses (cerca de US$ 0,50). Vendida aos atacadistas por 4,80 francos, ela chega ao consumidor por 15 francos.
A empresa de Convert, que ex porta menos de 10% da produção, detém 40% do mercado. Outros 10% ficam com produtos europeus. Mas, de alguns anos para cá, as ``made in China" se apropriaram de metade do mercado.
``Há 25 anos, quando meu pai começou no negócio, 80% do mercado francês era suprido pelos alemães. Cinco anos depois, era ele quem controlava 80%".
Suas bolas custavam três vezes menos que as alemãs. Após o filho assumir a empresa familiar, há cinco anos, a história se repetiu, mas desta vez em favor da China.
``Metade do preço da bola é mão-de-obra. O salário mínimo chinês é 40 vezes inferior ao francês", diz. As bolas chinesas chegam à França pelo preço de um franco cada, frete incluído. É claro que a qualidade não se compara. ``A pintura dos globos é embaçada, a cola se solta e o modelo é pintado com pistola, prejudicando os detalhes", diz Convert.
Para aumentar sua margem de lucros, Convert pesquisa novos mercados. As agências de publicidade adotaram as bolas nevadas como suporte.
Assim, o estilista Jean-Paul Gaultier sorri em uma bola, sob um dilúvio de flocos de neve.
Tradução de Clara Allain

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