São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 1995
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Brasil é o eleito das múltis, diz consultor

Para Tuerks, país possui três vantagens comparativas

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil é atualmente o melhor lugar para negócios das multinacionais em comparação com os países emergentes da América Latina, Europa Central, Europa Oriental e Ásia.
A opinião é de Manfred Tuerks, presidente para a América Latina da A.T. Kearney, companhia de consultoria empresarial, fundada em 1926, em Chicago (EUA). Com filiais em 90 países, a empresa atua, há dois anos, no Brasil.
Tuerks chama a atenção, porém, para o caráter competitivo dos investimentos. ``Se a Rússia alcançar estabilidade política, dentro de dois ou três anos, a estratégia de investimentos no Brasil, do ponto de vista europeu, ficará substancialmente diferente."
Isso porque, disse, a Rússia, e também a Polônia, têm enormes vantagens logísticas -proximidade, transportes e custos de mão-de-obra, entre elas.
Segundo Tuerks, a vantagem comparativa para negócios no Brasil se baseia em três fatores: 1) expectativa de sucesso na luta contra a inflação; 2) riqueza de recursos naturais e humanos e; 3) moderna cultura empresarial.
Tuerks disse, porém, que o Brasil precisa melhorar seu ``marketing" no exterior.
Sem revelar os detalhes, Tuerks adiantou que muitos dos clientes da A.T. Kearney planejam investir no Brasil. ``O total desses investimentos, previstos para os próximos três anos, está entre US$ 5 e 10 bilhões, principalmente nos setores automotivo, de produtos químicos e de telecomunicações."
Entre as grandes multinacionais que são clientes da A.T. Kearney estão a General Motors, Mercedes-Benz, McDonnel Douglas, Motorola, Nestlé, Nissan, Siemens, Sony e Xerox.
Especialista em logística empresarial para a indústria automotiva, Tuerks prevê que o Brasil vai se tornar ``exportador global" de carros populares e médios. ``A Fiat já demonstrou isso com as exportações globais de carros pequenos e a próxima montadora será a GM."
``Os próximos a anunciar investimentos no setor automotivo brasileiro serão os japoneses, liderados pela Toyota, que querem se certificar primeiro do fim da cultura inflacionária no país".
Segundo Tuerks, a credibilidade do Brasil está crescendo junto aos investidores estrangeiros devido aos resultados dos primeiros 12 meses do Plano Real.
``O Plano Real já passou por dois testes difíceis, a eleição presidencial e a crise do México, e continua funcionando relativamente bem", disse.

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