São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 1995
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Vinho importado não barra nacional

SYDNEY MANZIONE Jr.

SYDNEY MANZIONE JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

Durante anos o brasileiro se viu impossibilitado de consumir produtos importados, em razão da política de proteção à indústria nacional.
O movimento atual de importações possibilita detectar os mais diferentes tipos de produtos sendo oferecidos.
Além da vitrine dos carros importados, que inundando nossas ruas demonstram que brasileiro gosta de coisa melhor do que "carroças" e que os produtos estrangeiros vieram para ficar, as prateleiras dos supermercados passaram a oferecer uma gama cada vez maior de produtos e marcas às quais jamais fora exposto.
Muitas empresas multinacionais passaram a importar seus próprios produtos, às vezes fazendo concorrência aos seus similares nacionais.
Em consequência, diversos produtos foram trazidos de fora para serem testados no Brasil, para posteriormente serem produzidos aqui, com a certeza de serem consumidos.
Esperava-se que houvesse um verdadeiro "boom" de consumo nos importados.
Mas isso de fato não ocorreu, se considerarmos as médias. Não ocorreu porque o consumidor reparou que muito do que era oferecido tinha qualidade equivalente ou era inferior à marca de seu produto habitual.
Além disso, o preço fixado era em geral mais elevado do que o nacional.
Os produtos importados não chegam, na média, a atingir 5% de participação das categorias onde aparecem - entre alimentos, produtos de higiene e beleza e limpeza caseira.
No setor de bebidas alcoólicas a situação é um pouco diferente. Tradicionalmente um mercado em que o produto estrangeiro tem maior peso, o consumo de bebidas passou a crescer, com a ajuda dos importados.
O mercado de bebidas apresenta, há algum tempo, crescimento. A chegada dos importados não provocou estagnação das marcas nacionais. Dentre as bebidas, o vinho se destaca nesse movimento de aumento de vendas de importados. O segmento importado, do mercado composto de importados e finos nacionais, detinha, no Natal de 92, 14,8% de participação.
Atualmente é responsável por fatia quase um terço desse mercado, apresentando crescimento apreciável, sem que, no entanto, tenha havido queda no consumo dos nacionais.
No Natal de 94 os volumes dos vinhos finos nacionais foi 27% maior que o de 92, enquanto no mesmo período o importado crescia 323%.
O fator preço, com certeza, influencia. Em 92 o importado era 152% mais caro que o nacional. A diferença de preço estreitou-se para 83%. O desembolso passou a ser menor - R$ 9,5 por garrafa.
A disponibilidade do produto também aumentou. Presente, em 92, em 14% dos estabelecimentos que comercializavam vinhos nacionais finos, o importado está disponível em cerca de 35% desses pontos de venda.
O aumento da distribuição vem a reboque da disposição de consumir. Afinal, como dizem muitos, juntocom um queijo francês, vai bem um vinho italiano.

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