São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 1995
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Real aumenta venda de seguros em 84,13%

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

As vendas de seguros crescem após o Plano Real. As taxas menores de inflação trouxeram maior previsibilidade de renda para os consumidores, que reservam parte de seus ganhos para pagar os seguros e garantir os bens adquiridos.
A afirmação é de João Elisio Ferraz de Campos, presidente da Fenaseg (Federação Nacional das Seguradoras).
Para ele, ``o mercado segurador só não cresce mais por causa da má distribuição de renda no país".
Estatísticas disponíveis da Susep (Superintendência de Seguros Privados) mostram que, nos cinco primeiros meses deste ano, mais do que dobrou a arrecadação das seguradoras com seguros de autos (109,41%) e de vida (evolução de 134,69%) em relação ao mesmo período do ano passado.
As vendas totais das seguradoras (incluindo os demais seguros, como, por exemplo, de saúde) cresceram 84,13% em relação ao ano anterior.
Houve maior procura de seguros de automóvel. Em fevereiro deste ano, dos recursos que as seguradoras arrecadavam com seguros de automóveis 52,26% eram devolvidos aos segurados, como forma de indenizações (ocorrência de batidas, roubos), chegando a 62,08% em maio (último dado disponível).
Ele não acredita que vá ocorrer uma queda nos preços dos seguros no Brasil com a entrada de novas seguradoras dos Estados Unidos. ``Das 129 seguradoras existentes, há 15 estrangeiras. Elas praticam preços semelhantes às seguradoras nacionais", diz.
Nos Estados Unidos, a arrecadação das seguradoras foi, no ano passado, de US$ 485 bilhões, contra US$ 12 bilhões (o equivalente a 975.609 carros Gol Plus zero) no Brasil.
Segundo Ferraz de Campos, o mercado segurador norte-americano está ``saturado". Por isso, as companhias estão procurando aumentar ou passar a ter participação nos mercados dos chamados países emergentes, como Brasil, China e Índia.
Até 1993, as seguradoras tinham, em geral, prejuízo (as despesas superavam as receitas) na atividade e tentavam recuperar resultados através de aplicações financeiras.
No primeiro semestre de 1995, elas registraram lucros operacionais (ganho na atividade), além dos retornos nas aplicações financeiras.
Segundo ele, os lucros não foram maiores por causa do índice de sinistralidade (o que as seguradoras pagam para os segurados) que chegou a 55,88%, em média, do que as empresas arrecadaram nos cinco primeiros meses do ano.
Os seguros com preços mais altos no Brasil continuam sendo os praticados no Rio de Janeiro, onde são roubados 120 carros por dia.
Os seguros de automóveis responderam por 39,07% da arrecadação das seguradoras nos primeiros cinco meses do ano; os de vida por 16,11%; os de saúde, por 13,42%; e os demais por 31,40%.

Perspectivas
Ferraz de Campos diz que o mercado segurador brasileiro deverá ter importante crescimento, desde que se quebrem os monopólios estatais de resseguros e dos seguros de acidentes de trabalho.
A atuação das seguradoras privadas em seguros de acidentes de trabalho poderia fazer com que baixassem os preços dos seguros (pela maior concorrência) e reduzissem as fraudes.
O presidente da Fenaseg diz que há uma constatação de 15%, em média, de fraude nos pedidos de indenização de seguros de automóveis. Para ele, as fraudes em seguros de acidentes de trabalho devem ser também significativas.
Só no ano passado, 358.289 empregados se acidentaram durante o serviço, sendo que 3.189 morreram. Os dados da Dataprev mostram, ainda, que 83% dos casos ocorreram no Sudeste. São Paulo lidera com 225.580 registros.

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