São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 1995 |
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Livro vê centenário sob ótica gaúcha 'Cinema no RS' reúne 20 ensaios AMIR LABAKI
Vinte ensaios dos mais importantes críticos, pesquisadores e realizadores do RS sintetizam a história do cinema gaúcho. O organizador é Tuio Becker, crítico do diário ``Zero Hora". Jamais tanta reflexão crítica sobre essa cinematografia fôra reunida. Aprende-se quase com cada página deste denso volume. Como afirma Becker na introdução, ``os textos descrevem a trajetória de uma cinematografia que se destaca através da explosão de ciclos, mas que sobrevive, em seus tempos de maior precariedade, por meio de bitolas alternativas". A seguir, Antonio Jesus Pfeil condensa suas várias décadas de pesquisa num texto que nasce clássico, ``Cinematógrafo e o cinema dos pioneiros", que em dez páginas revela o essencial da chegada do cinema ao RS. Pfeil lembra o sucesso dos espetáculos pré-cinematográficos como lanternas mágicas e Panoramas. Surpreende ao precisar que as primeiras projeções locais de cinema se deram menos de um ano depois da estréia parisiense do cinematógrafo Lumière. Os pioneiros das ``vistas animadas" também no Rio e em São Paulo, respectivamente Francisco de Paola e George Rénouleau, batizam Porto Alegre no cinema com dias de diferença (4 e 7 de novembro de 1896). Apenas oito anos depois os irmãos Fellipi realizariam as primeiras filmagens no Estado. O nascimento da forte tradição gaúcha de cinejornais, o ciclo de Pelotas, a importância de pioneiros como Eduardo Abelim e Italo Manjeroni, o impacto do som, tudo está no ensaio. Há muito mais. Uma original releitura crítica do clássico ``Vento Norte" de Salomão Scliar (1951) é assinada por Glênio Póvoas. E João Carlos Massarolo fala da contribuição gaúcha para a ``primavera do curta" nos anos 80, com ``Ilha das Flores" de Jorge Furtado assumindo o merecido posto de filme-síntese. Antes mesmo de merecer um ensaio específico, paira por todo o volume a sombra do mais importante crítico e animador de cinema do RS: Paulo Fontoura Gastal, P.F. Gastal, uma espécie de André Bazin dos pampas, influência maior sobre mais de quatro gerações. Fragilizado pela idade, Gastal não pôde prestigiar em Gramado o lançamento desta crônica do cinema gaúcho que muito lhe deve. Uma visão panorâmica sobre sua vida e obra seria uma justa sequência para esta bela antologia. Texto Anterior: Morre em Woodstock autor de 'Casablanca' Próximo Texto: Associação é acusada de reter direitos Índice |
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